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Preso em operação, delegado tinha 42 relógios falsos

Folha Max

Durante a prisão do delegado Mauricio Demetrio Alonso Alves, em junho do ano passado, na Operação Carta do Corso, chamou a atenção dos investigadores a coleção de relógios de marcas famosas do policial civil. Havia 65 peças, entre elas, o símbolo da alta joalheria italiana, Bulgari, além dos suíços Patek Philippe, Breitling e Rolex. Apreendidos, todos passaram pelo crivo da perícia da Polícia Federal. No laudo técnico, a conclusão: 42 deles eram falsos. Embora estivesse à frente da Delegacia do Consumidor quando foi preso, Demetrio foi lotado antes na Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM) por mais de cinco anos, justamente a especializada com atribuição de combater a pirataria.

O delegado responde pelos crimes de organização criminosa, obstrução de Justiça, concussão — que é a cobrança de propina — lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, além de violação do sigilo funcional. Os relógios foram apreendidos com Demetrio, que foi preso em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, onde mora. Os relógios são mais uma mostra do seu gosto por ostentar riqueza. Carros de luxo, viagens internacionais, aluguéis em mansões na Costa Verde faziam parte do seu cotidiano. Para manter seu estilo de vida, o delegado usava a máquina pública para investigar empresários, comerciantes e autoridades públicas, segundo o Ministério Público do Rio (MPRJ), para depois lhes exigir propina.

Ao iniciar os exames nos relógios, os peritos do Núcleo de Criminalística do Setor Técnico-Científico da Polícia tinham como objetivo descobrir a natureza e as características do material apreendido, assim como o país de origem e fabricação dos produtos. Daí a constatação de que em 42 das 65 peças havia indícios de falsificação, ou seja, o acabamento, as máquinas e os materiais de fabricação utilizados não correspondiam aos padrões das marcas ostentadas.

Para chegar a uma avaliação precisa, o perito Luiz Oliveira fez uma inspeção visual das joias, comparou com fotografias de peças legítimas e, com o auxílio do equipamento para análise, ampliação e comparação, chegou ao veredicto. De acordo com o laudo de 23 páginas, o especialista “buscou identificar características que as individualizassem”, concentrando-se em padrões técnicos. Ele precisou ainda trocar informações com representantes das marcas e lojas que vendessem este tipo de relógio mais sofisticado.

O documento expedido pelo perito da Polícia Federal informa ainda que ele utilizou uma técnica denominada de espectroscopia de fluorescência de raios x para identificar se relógios com supostas marcações de ouro 750 continham, na real, o metal em sua composição. De acordo com a análise, não foi encontrado ouro nos seis relógios que tinham essa especificação em sua composição.

Os 23 relógios genuínos juntos valiam R$ 33,3 mil , segundo a perícia da PF. Enquanto o relógio mais valioso era o Bulgari (R$ 15 mil), o de menor preço, uma vez que os falsos não têm valor de mercado, era um Mondaine, R$ 100. Entre os verdadeiros havia marcas como Casio, Fossil, Diesel e Bulova.

Já na lista das falsificações havia seis réplicas de Rolex; duas imitações do Patek Philippe; quatro cópias do Breitling e sete similares ao Hublot. Demetrio não tinha nenhum relógio verdadeiro dessas marcas famosas. A maioria deles na cor amarela, para se parecer com ouro.

Procurado, o advogado Raphael Mattos, que defende Demetrio, preferiu não se manifestar a respeito do laudo, alegando que ainda não teve acesso ao documento.

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As investigações da Operação Carta do Corso, que prendeu Demetrio, começaram em 2019 a partir da denúncia de um comerciante da Rua Teresa, na cidade serrana de Petrópolis. O denunciante acusou o delegado de lhe exigir propina para permitir a venda de produtos falsificados, na época em que o delegado era da DRCPIM. Outros lojistas também depuseram contra o policial civil, acusado de comandar uma quadrilha formada por outros agentes da corporação para extorquir dinheiro do comércio local.

O Grupo de Combate à Corrupção (Gaecc) do Ministério Público do Rio iniciou o caso e, depois que o núcleo foi extinto, coube ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), também do MPRJ, prosseguir com a apuração, culminando com a prisão dele e de outros cinco policiais civis no dia 30 de junho do ano passado. Na ocasião, promotores e policiais militares da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI), também do MPRJ, apreenderam R$ 240 mil em dinheiro na casa de Demetrio, além de 13 celulares, 3 carros de luxo blindados e os 65 relógios.

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