“Porque justamente de mim?” e a funcionária respondeu “Por causa da cor”. Foi o que relatou a vítima de um episódio de racismo sofrido na loja da C&A Modas, localizada no Shopping Estação Cuiabá. Ela foi ao estabelecimento fazer compras e percebeu que era seguida por funcionários. Ao questionar a atendente sobre o motivo da suspeita, ouviu, por mais de uma vez, que era por sua cor de pele. Ela move uma ação na Justiça.
O caso ocorreu no último dia 11 de março. Logo ao chegar à loja a cliente viu que tinha um funcionário próximo a ela. A vítima percebeu que ele digitou algo em seu celular.
O trabalhador teria escrito, em um grupo no WhatsApp, “adentrou uma suspeita na loja, está de mochila e sacola preta na mão”. A autora da ação, de fato, estava com uma sacola preta e mochila.
Ela foi até o departamento de roupas masculinas e em seguida se dirigiu ao caixa para fazer o pagamento. A vítima disse que durante todo o momento foi acompanhada por funcionários.
A cliente foi ao caixa de número 5, colocou as compras no balcão, mas então foi interrompida pela atendente do caixa número 1, que disse que iria atendê-la.
Durante o pagamento das compras perguntou à trabalhadora se o outro funcionário era da prevenção e perdas e ela respondeu que “sim”.
Como trabalha em um mercado e conhece os procedimentos internos, perguntou também “porque ele estava me suspeitando?”. A atendente teria dito que era porque há muitos furtos em outras lojas.
A vítima então questionou “porque justamente de mim?” e a funcionária teria respondido “por causa da cor”. Ela afirma que por 3 vezes a atendente confirmou a resposta de que era por causa de sua cor.
Após finalizar a compra a cliente foi para casa, percebendo o nítido caso de racismo que sofreu, afinal, foi confundida com uma criminosa apenas por sua cor de pele.
A autora da ação ainda contou que telefonou à central da loja, para questionar o comportamento dos funcionários, e lhe deram prazo de 5 dias para retorno.
Uma supervisora entrou em contato com ela 4 dias depois, perguntando o que havia acontecido. A vítima relatou o episódio e a funcionária disse que olhou a situação pelas câmeras da loja. Ela ainda pediu à cliente para que voltasse à C&A, para conversar pessoalmente e pediu desculpa pelo caso.
Depois, a supervisora ainda teria entrado em contato com a cliente por WhatsApp, perguntando se estava tudo certo com a compra e se precisaria trocar alguma coisa.
A autora da ação pediu à Justiça que a loja entregue cópia das filmagens das câmeras de segurança, do dia do fato, sob pena de multa de R$ 5 mil. Também disse que a loja não teria nenhum prejuízo, já que a medida não visa privá-la das imagens, apenas que sejam copiadas.
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A juíza Ana Paula da Veiga Carlota Miranda, da 5ª Vara Cível de Cuiabá, deferiu este pedido e deu prazo para que a C&A do Shopping Estação encaminhe as imagens solicitadas.
“Analisando as razões expostas pela autora, depreende-se a legitimidade e interesse da mesma em obter a cópia das referidas imagens, uma vez que pretende, por esta via, comprovar ter sofrido dano moral em decorrência da atitude preconceituosa dos funcionários da empresa ré”.