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Criminosos investigados por estelionato recrutavam mulheres em busca de ‘credibilidade’

Terra MT Digital

Criminosos presos na segunda fase da Operação Gênesis, deflagrada contra uma quadrilha especializada em golpes virtuais, faziam a captação de golpistas e davam preferência as mulheres. Segundo o delegado Pablo Carneiro, da Delegacia de Estelionato de Cuiabá, essa seria uma forma de passar “credibilidade” às vítimas.

“A maior parte dos presos são mulheres. Essa quadrilha, inclusive tínhamos gravações dos suspeitos, eles confirmam que preferem solicitar contas de mulheres para poder passar uma credibilidade maior quando fornecem as contas para as vítimas. Várias dessas pessoas possuem ocupação lícita, mas também contribuem com essa organização criminosa fornecendo conta, emprestando conta, cooptando outras pessoas que possam receber”, disse. Conforme Carneiro, pessoas que contribuem com a prática criminosa, mesmo que emprestando conta, também irão responder as mesmas penas dos outros membros da quadrilha.

A operação foi deflagrada na terça-feira (7), para prender 54 criminosos e cumprir 43 mandados de busca e apreensão contra a quadrilha responsável por aplicar golpes em 13 estados do Brasil. Os policiais identificaram 19 vítimas lesadas em valores que vão de R$ 3.116,00 a R$ 311.490,00. A soma dos valores tomados das vítimas ultrapassa R$ 1 milhão.

Dois dos criminosos aplicavam golpes em Cuiabá mesmo morando em Portugal. “Na realidade eles foram para Portugal há alguns meses e de lá eles continuaram com o mesmo modus operandi, captando contas e aplicando golpes diretamente aqui no Brasil”, afirmou o delegado.

Em depoimento, um dos presos disse que gastou R$ 15 mil em uma noite no boliche. “Esses indivíduos costumam ostentar muito nas redes sociais. Temos vários vídeos dele gastando. Temos informações de um dos suspeitos que foi preso que, em apenas uma noite, gastou R$ 15 mil em um boliche da cidade”, explicou Pablo.

Entre os presos, criminosos da mesma família foram identificados pela Polícia Civil. Há irmãos, tio, sobrinho, além da atuação de casais. “Tem pessoas da mesma família, quatro irmãos, inclusive um desses que está em Portugal também é parente, temos tio e sobrinho. Alguns são namorados, vários são casais. Mas vamos aprofundar agora nos próximos 10 dias para delimitar esses vínculos”.

A primeira fase aconteceu em 2022, quando foram cumpridas buscas e apreendidos aparelhos eletrônicos para buscar mais elementos para a investigação. Os conteúdos foram analisados pelo Núcleo de Inteligência da delegacia e resultaram em material probatório que deu base à Operação Gênesis.

“Além da identificação de vários golpes aplicados pelos suspeitos, a investigação apurou a existência de não apenas uma associação criminosa, sendo possível delimitar os contornos de uma verdadeira organização criminosa e, com a divisão de tarefas entre seus membros, instalada para a prática de fraudes eletrônicas” explicou o delegado Pablo Carneiro.

“Os valores discriminados são relativos aos golpes em que as vítimas foram identificadas quando foi feita a análise dos celulares apreendidos. Além disso, percebe-se uma intensa movimentação de valores entre os suspeitos, que indicam com clareza que o volume de dinheiro levantado pela organização criminosa é bem maior”, pontuou o delegado.

A organização criminosa era dividida em vários núcleos. Veja abaixo:

• Suspeitos que “vendem/alugam” a própria conta bancária;
• Sacadores;
• Agenciador/captador de contas;
• Suspeitos que aplicam o golpe (finalizador);
• Suspeitos que fazem postagens nas plataformas digitais;
• Suspeitos que cobram a “taxa” para uma facção criminosa

Os criminosos aplicavam dois tipos de golpes. Os mais simples e mais recorrentes: Perfil falso e falso intermediador de vendas.

O aviso de um número novo, o contato com um familiar pelo WhatsApp, seguido por um pedido de dinheiro. Essa é o modus operandi dos criminosos que aplicam o golpe do ‘perfil falso’ no aplicativo, o mais recorrente em Cuiabá.

No golpe do falso perfil do WhatsApp, o criminoso se aproveita de informações públicas nas redes sociais como Facebook e Instagram para buscar potenciais vítimas e entrar em contato com elas.

Quando cria um perfil falso no aplicativo, o criminoso usa a mesma foto usada pela primeira vítima e depois envia mensagens para a segunda vítima, geralmente algum parente ou amigo, dizendo que precisa pagar uma conta ou que precisa de dinheiro emprestado. A vítima, então, faz a transferência sem saber que está sendo vítima de um golpe.
O segundo golpe mais aplicado é do ‘falso intermediador de venda’. Neste caso, o suspeito mira algum vendedor de veículo/produto/imóvel em sites de classificados e demonstra interesse na compra. Depois disso, garante que irá adquirir e pede que o vendedor remova o anúncio.

Com a remoção, o suspeito cria um anúncio falso com as fotos originais do veículo. Com preço abaixo do mercado para atrair rapidamente as vítimas, o suspeito diz ser um intermediador e consegue realizar a venda do veículo que não é dele.

Para a pessoa que pretende comprar o produto anunciado pelo golpista abaixo do preço, o suspeito pede parte do pagamento ou o valor total. Com o dinheiro em conta, o criminoso desaparece e deixa duas vítimas.

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Ainda no processo de negociação em que o golpista diz ser o intermediador, o suspeito marca um encontro entre o real vendedor e a pessoa atraída pelo anúncio criminoso. O agenciador pede para o comprador não comentar com o vendedor o valor do veículo durante o encontro e assim consegue lesar as duas pessoas.

Em alguns casos, há um atrito entre o proprietário do veículo e o comprador, que quando descobre ter caído em um golpe e ter passado o dinheiro para o golpista, se nega a entregar o produto.

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