Cinco atletas do tênis de mesa paralímpico brasileiro estão com vaga encaminhada à Paralimpíada de Tóquio (Japão) após a atualização dos critérios de classificação automática publicados na noite de ontem (9) pela Federação Internacional da modalidade (ITTF). Os critérios levam em conta o posicionamento dos mesatenistas no ranking mundial, atualizado em abril. Eles aguardam apenas a publicação da lista oficial, no próximo dia 30.
Um deles é o santista Israel Stroh, prata nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016, e sexto do ranking da ITTF na classe 7. No tênis de mesa paralímpico, os jogadores são divididos em dez categorias físico-motoras: cinco (1 a 5) para cadeirantes e cinco (6 a 10) para andantes, sendo que, quanto maior o número, menor é o grau de deficiência. Stroh sabia que dificilmente a vaga em Tóquio escaparia: bastaria continuar no top-10 até 31 de março, quando fecharia o ranking. O adiamento da Paralimpíada para 2021, devido à pandemia do novo coronavírus (covid-19), postergou as definições.
“A gordura para fora da zona de classificação era grande, mas, de qualquer forma, havia uma espera. Em um ano, a gente nunca sabe o que pode acontecer. Ter a confirmação da vaga faz um bem para a mente muito grande”, comemora Israel à Agência Brasil. “Para a conquista da medalha no Rio, tivemos que derrubar muitos favoritos para chegar lá. Para Tóquio, há um equilíbrio bastante claro entre seis jogadores, eu entre eles, e outros dois, três atletas que já surpreenderam esse grupo. Não há favorito”, destaca.
O santista não viveu essa expectativa sozinho. Mais quatro brasileiros também celebram a classificação bem encaminhada à Paralimpíada de Tóquio ano que vem. Entre eles, Welder Knaf, responsável pela primeira medalha do país na modalidade (prata nas duplas masculinas com Luiz Algacir Vergílio da Silva, em 2008) e que está a caminho da quarta Paralimpíada da carreira. O paranaense é o nono do mundo na classe 3. Nesta categoria, conforme os critérios, os 10 primeiros do ranking têm vaga assegurada nos Jogos.
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Ainda com base no informe da ITTF, os melhores atletas de cada continente, de acordo com o ranking mundial, também têm passaporte para Tóquio. É a situação de Cátia Oliveira (classe 2), Lethícia Lacerda (classe 8) e Bruna Alexandre (classe 10). Vice-campeã mundial em 2018, Cátia é atualmente a quarta no mundo em sua categoria, superada apenas por uma italiana, uma chinesa e uma sul-coreana.
“A gente vinha trabalhando muito forte para conseguir essa vaga pelo ranking. Estava confiante, mas, quando vem a vaga, dá aquele frio na barriga, aquela sensação boa”, conta Cátia à Agência Brasil. “No Rio, competi vindo de uma lesão séria no ombro. Tinha operado em janeiro de 2016, então, não pude me preparar 100%. O cenário de hoje é diferente. Conheço muito mais minhas adversárias e estou muito preparada para buscar esse ouro”, completa.
Já Lethícia está em 20º na classe 8, que é dominada por atletas europeus e asiáticos, sendo a melhor jogadora das Américas pelo ranking. A jovem de 17 anos, que disputou o primeiro campeonato internacional há apenas três (Parapan de Jovens de 2017, em São Paulo), é filha de Jane Karla Gögel, bicampeã parapan-americana no tênis de mesa e, hoje, principal nome do tiro com arco paralímpico do país.
“Até agora não caiu a ficha. É o campeonato dos campeonatos, o principal. Estou realmente muito feliz, ainda sem acreditar. Muito ansiosa também. Agora vou sonhar um pouco mais alto e, quem sabe, conseguir uma medalha. Ainda por cima, provavelmente, terei a presença da minha mãe, o que tornará a experiência mais especial. Além de ser a minha primeira Paralimpíada, estarei com a pessoa que mais amo no mundo”, celebra Lethícia, à Agência Brasil.
Bruna, por fim, concluiu o ranking da classe 10 em quarto lugar. Ou seja, segundo os critérios divulgados pela ITTF, ela poderia se classificar tanto sendo a melhor das Américas como pela posição na categoria. A catarinense foi medalhista de bronze individual e por equipes no Rio de Janeiro e, no ano passado, atuou entre os atletas sem deficiência nos Jogos Pan-Americanos de Lima (Peru). Ela chegou às quartas de final de simples, perdendo para a chinesa naturalizada norte-americana Lily Zhang, que levou o ouro.
A expectativa é que a lista a ser divulgada no fim do mês confirme, ao todo, dez brasileiros em Tóquio. Cinco vagas já tinham sido garantidas no ano passado pelos medalhistas de ouro nos Jogos Parapan-Americanos de Lima: Joyce Oliveira (classe 4), Paulo Salmin (classe 7), Luiz Manara (classe 8), Danielle Rauen (classe 9) e Carlos Carbinatti (classe 10). O número de representantes pode aumentar após a seletiva internacional que seria disputada neste ano, mas foi cancelada devido à pandemia, e deverá ser remarcada para 2021.
Edição: Cláudia Soares Rodrigues