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Contadora foi ameaçada e forçada a assinar balanços da Unimed Cuiabá

O Ministério Público Federal (MPF), que acusa seis ex-dirigentes da Unimed Cuiabá de fraude contábil de R$ 400 milhões, pediu o arquivamento da denúncia contra a contadora Maria Gladis dos Santos. Segundo o MPF, embora ela tenha assinado alguns documentos, sempre se manifestou contrária aos atos da diretoria.

No entanto, ela passou a sofrer coação moral e pressão psicológica por parte do ex-diretor presidente, Rubens Carlos de Oliveira Júnior, e de Ana Paula Parizotto, ex-superintendente administrativo-financeira. Durante uma reunião, em 29 de dezembro de 2022, Rubens ignorou Maria Gladis, que havia alertado sobre as irregularidades no balanço contábil da cooperativa e a suspeita de sonegação de impostos de cerca de R$ 50 milhões. O ex-diretor ordenou que ela assinasse o balanço contábil e que, depois, ele encaminharia uma solução futura.

“Do conjunto probatório, tem-se que a contadora Maria Gladis sofria constantemente assédio e pressão psicológica para a prática de irregularidades contábeis por parte de seus superiores hierárquicos, Rubens e Ana Paula, os quais proibiram qualquer correção na contabilidade sem prévia autorização”, diz trecho do relatório do MPF.

De acordo com o relato, a contadora era constantemente ameaçada com demissões e proibida de realizar qualquer correção nas contas sem a devida autorização, criando um clima de medo e insegurança. Eroaldo de Oliveira, ex-CEO da Unimed Cuiabá, também fazia cobranças veementes e constrangedoras, exigindo resultados que comprometiam sua integridade profissional.

Em outra ocasião, em reunião com auditores independentes, o ex-CEO Eroaldo de Oliveira e Rubens demonstraram irritação com a contadora, que estava parametrizando os erros contábeis da Unimed com a empresa de auditoria. “Por chamada de viva voz, Eroaldo deu ordens para que Maria Gladis trabalhasse para a obtenção de um resultado positivo para a apresentação do balanço de 2022, constrangendo-a por telefone”, diz trecho da denúncia do MPF.

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O cenário de coação moral irresistível, previsto no artigo 22 do Código Penal, tornou-se evidente a partir do conjunto probatório, que revelou o esforço de Maria Gladis para corrigir irregularidades. Apesar de suas tentativas de relatar os problemas às instâncias superiores da operadora de saúde — por meio de pareceres, e-mails e reuniões — suas preocupações eram frequentemente ignoradas, demonstrando um ambiente de trabalho que desconsiderava a ética e a transparência.

Apesar de toda a pressão sofrida, durante a Assembleia Geral Ordinária da Unimed Cuiabá, em março de 2023, Maria Gladis se manifestou sobre a subavaliação do passivo de R$ 49.722.222,00. Após sua manifestação, a Assembleia Geral da Unimed decidiu reprovar as contas da gestão 2019-2023.

“Em síntese, a coação não pode ser superada pelas adequadas diligências realizadas por Maria Gladis. Ademais, é juridicamente inexigível o emprego de energia extraordinária para desvencilhar-se de uma coação”, finaliza o pedido de arquivamento da denúncia contra a contadora.

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