A Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) manifestou sua posição em relação à decisão da gigante francesa Danone de interromper a compra de soja do Brasil, citando alegações de desrespeito à legislação europeia. A Aprosoja classificou a atitude como um “desconhecimento ao processo produtivo brasileiro” e um “ato discriminatório contra o Brasil e sua soberania”.
A Danone anunciou na última semana que deixou de importar soja do Brasil e agora adquire o insumo de países asiáticos. A decisão ocorre em meio à nova lei antidesmatamento da União Europeia, que exige que as empresas comprovem a origem sustentável de suas matérias-primas. A empresa utilizou 262 mil toneladas de produtos à base de soja em 2023, principalmente para a alimentação de suas vacas.
De acordo com a Aprosoja, a decisão da Danone já está causando prejuízos ao Brasil, mesmo antes da entrada em vigor da nova legislação da União Europeia, que depende de aprovação no Parlamento Europeu e pode ter sua vigência prorrogada por um ano. A associação destacou que essa ação é passível de reclamação pelo governo brasileiro nas instâncias que regulam o comércio internacional, devido ao seu caráter “punitivo, discriminatório e coercitivo”.
A Aprosoja também sugeriu que o governo brasileiro notifique a União Europeia para adequar sua legislação e, se necessário, elabore uma lista dos valores que a Europa deve restituir ao Brasil em função dos prejuízos gerados. Em caso de não atendimento, a associação propôs a possibilidade de buscar compensação através da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Em relação à sustentabilidade, a Aprosoja destacou que o Brasil já alcançou a linha de desmatamento líquido zero há algum tempo. A associação afirmou que, embora haja desmatamento, também ocorre regeneração da vegetação natural, contestando a ideia de que o Brasil lidera a destruição de florestas tropicais.
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“A afirmação de que o Brasil lidera a destruição de floresta tropical no mundo é fala de quem desconhece a dinâmica das florestas no Brasil. Pior ainda, está discriminando o único produtor de soja no mundo que preserva o meio ambiente e os recursos hídricos dentro das suas propriedades.”, afirmaram representantes da Aprosoja. Eles ressaltaram que os produtores de soja brasileiros cumprem rigorosamente o Código Florestal, preservando de 20% a 80% de suas propriedades para Reserva Legal e áreas de preservação.
“Isso significa que o produtor de soja brasileiro é o único no mundo que preserva o meio ambiente para o Brasil e para a humanidade, deixando de plantar na área preservada para isso. Ou seja, também é o único que está investindo do próprio bolso em preservação ambiental. Comparativamente, os produtores franceses não preservam quase nada”, pontuou em seu comunicado.
Por fim, a Aprosoja questionou onde a Danone poderá encontrar soja “mais ambientalmente sustentável” e com melhores características nutricionais que a produzida no Brasil, sugerindo que a atitude da empresa pode levar os produtores brasileiros a reconsiderar suas relações comerciais.
Em nota a danone se posicionou sobre o assunto;
A Danone está há mais de 50 anos no Brasil e investe anualmente em ações que priorizam o apoio e o desenvolvimento de grandes e pequenos produtores locais, incentivando práticas mais sustentáveis em todos os elos da nossa cadeia de fornecimento.
Podemos confirmar que a informação veiculada não procede. A Danone continua comprando soja brasileira em conformidade com as regulamentações locais e internacionais.
A soja brasileira é um insumo essencial na cadeia de fornecimento da companhia no Brasil e continua sendo utilizada, sendo a aquisição da maior parte desse volume intermediada pela Central de Compras da Danone, incluindo processos que verificam sua origem de áreas não desmatadas e rastreabilidade.