O chefe-executivo da Liga Nacional de Basquete (LNB), Sérgio Domenici, disse que a entidade apresentará às equipes participantes do Novo Basquete Brasil (NBB), na próxima quinta (30), o protocolo médico para que a competição prossiga com portões fechados, e os custos para que isso ocorra. O torneio está paralisado desde 15 de março por causa da pandemia do novo coronavírus (covid-19). Será preciso que os clubes aprovem o investimento necessário para seguir o protocolo (como a aquisição de testes, que serão importados), ou decidam pelo encerramento do campeonato, resguardando as classificações atuais para escolha de representantes em eventos internacionais.
“A liga criou um comitê científico com profissionais como médicos, fisioterapeutas e preparadores físicos. O protocolo prevê uma primeira semana de treinos individuais, na qual o atleta não tem contato com ninguém, exceto o preparador. Depois, teremos três semanas de treinos coletivos. Novos testes [de coronavírus] serão feitos. A ideia é colocar todos em um hotel, afastado do centro e das quadras, armar duas quadras [uma de treino e uma de jogo, com acesso apenas a equipes e produção]. Todos, mais uma vez, serão testados, o atleta, o motorista […]. É um processo complexo, tem de higienizar bola, bancos, uma toalha para cada um, número limitado de pessoas para tomar café da manhã”, afirmou Domenici durante uma videoconferência realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) tratando da questão da gestão esportiva nesta quarta (29).
O dirigente recordou que a primeira medida, tomada em março, de prosseguir com o torneio apenas com portões fechados, mostrou-se pouco eficiente. “O atleta vai ao aeroporto, volta para o hotel […]. São muitos os pontos de contaminação”, avaliou. A expectativa inicial, conforme o presidente interino da liga, era de que a pandemia estivesse sob controle em dois meses (o que não ocorreu). “Os cálculos lá de trás estão sendo revistos semanalmente. Há uma data limite [4 de julho] para terminar o campeonato, mas, para isso, teria que voltar a treinar no começo de junho, com todos os testes e cuidados, se a situação não continuar piorando como está”, analisou.
Após a paralisação da temporada, os clubes aprovaram que, caso retomada, a competição retornaria direto nos playoffs (mesmo faltando 33 jogos para o término da primeira fase). Pelo regulamento, os quatro primeiros (Flamengo, Sesi Franca, São Paulo e Minas Tênis Clube) avançam direto às quartas de final, enquanto as equipes do quinto ao 12º lugares disputam um primeiro mata-mata. Apesar de classificado, o Sendi Bauru anunciou a desistência da temporada por razões financeiras. Já o Pinheiros, também garantido, dispensou os jogadores do time profissional, cujos vínculos se encerram em maio.
Para Domenici, porém, a próxima temporada suscita ainda mais preocupação. “Consideramos que ela, talvez, seja mais difícil do que foi o primeiro NBB [em 2008]. Como estará o mercado? Tudo terá que ser repensado. Vivemos em um país continental. Você tira um árbitro de Porto Alegre, leva para Fortaleza, depois para Campina Grande [PB] […]. É um custo altíssimo. Como estarão as companhias aéreas após a pandemia? Os clubes transportam 18 atletas por viagem. Uma equipe de Brasília, de Fortaleza, Pato Branco [PR], fazem a maior parte da competição por via aérea. Como faremos a competição? Ela será regionalizada? Terá arbitragem local? Precisaremos de mais equipes locais para as transmissões? Teremos que abrir mais para web? São perguntas que ainda não sabemos responder”, concluiu.
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Edição: Fábio Lisboa