Greve dos policiais penais entra no oitavo dia e tensão aumenta dentro e fora das 46 unidades prisionais de Mato Grosso que estão sendo vigiadas por apenas 30% do efetivo de 2,8 mil servidores. Penitenciárias e cadeias se transformam em barril de pólvora com tentativas de fugas. Líderes criminosos já ameaçam comandar de dentro das celas atos violentos nas ruas caso a situação não se normalize até o próximo domingo, para que sejam retomadas as visitas aos mais de 11 mil presos do sistema. Governador Mauro Mendes não se manifesta e diz que só negocia com o retorno dos grevistas ao trabalho.
O período mais crítico em relação à segurança dentro das unidades prisionais é entre o Natal e Ano Novo, com maior risco de tentativas de fuga. Na terça-feira (21), tentativa de fuga de mais de 350 presos foi frustrada na Penitenciária Central do Estado (PCE), com a descoberta de um buraco em uma das paredes do Raio 2. A movimentação estranha chamou atenção dos policiais penais que descobriram a rota de fuga que levaria o grupo até o pátio externo em no máximo 20 minutos e, de lá, até os muros externos.
Outra tentativa de fuga frustrada pelos policiais penais ocorreu na tarde de ontem (22), na Penitenciária Feminina Ana Maria do Couto May, quando detentas serraram uma das grades das celas e destruíram as telas que dão acesso ao telhado. A fuga colocaria nas ruas mais de 70 reeducandas dos raios 3 e 4, onde estão abrigadas mulheres de líderes do Comando Vermelho (CV) e faccionadas como Angélica Saraiva de Sá, a “Angeliquinha”, que, mesmo de dentro da cadeia, comandava o tráfico de drogas. Ao todo a unidade abriga cerca de 240 presas.
Com a greve, o risco de motins e rebeliões nas unidades prisionais de Mato Grosso aumenta e as tentativas podem ser seguidas por presos de outros estados, alerta Fernando Anunciação, presidente da Federação Nacional Sindical dos Policiais Penais (Fenasppen). Anunciação esteve durante dois dias acompanhando negociações da categoria junto a representantes do governo estadual em Cuiabá e lamenta a postura adotada pelo governador que disse não ter nada para conversar com a categoria.
“O governador está brincando com o sistema penitenciário e desrespeitando toda categoria. É preciso lembrar que hoje o sistema penitenciário de Mato Grosso é destaque positivo em todo país pelo trabalho que seus servidores realizam. Em contrapartida, tem o 21º salário entre os 27 estados da federação”, enfatiza Anunciação.
Receba as informações do ATUALMT através do WhatsApp:
Clique aqui para receber as notícias no seu WhatsApp.
Destaca que com sua postura, o governador e secretários colocam em risco não só os trabalhadores do sistema, os presos, mas toda a sociedade que deixa de ter a segurança pública nesta época de festas de fim de ano porque policiais civis e militares são deslocados para atendimento ao sistema prisional.
“Com mais de 30 anos atuando como policial penal asseguro que o risco de rebeliões com perdas de vidas de servidores é grande. Vale lembrar que se o estado não é organizado, as associações criminosas são e agem de forma articulada para garantir seus direitos”, diz o sindicalista. O sindicalista segue para Brasília para buscar apoio ao movimento com parlamentares.
Leia a reportagem completa na edição de A Gazeta