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Impactos da pandemia na educação foram discutidos na AL

Foto: Ronaldo Mazza

A Assembleia Legislativa realizou hoje (2), por intermédio do deputado Thiago Silva (MDB), audiência pública para debater o tema “Os impactos da pandemia decorrente da covid-19 e a educação pública no Estado de Mato Grosso”. O debate ocorreu por videoconferência.   

De acordo com vice-presidente da Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura e Desporto, deputado Thiago Silva, as sugestões dos participantes serão transformadas em propostas de políticas públicas e encaminhadas ao governo do estado.     

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“Os problemas elencados pelos participantes serão resolvidos pela Secretaria de Estado de Educação. Mas não podemos deixar de falar dos investimentos que a Seduc vem fazendo, tanto em infraestrutura como em tecnologia. Contudo, é preciso avançar na formatação das equipes multidisciplinares compostas por psicólogos e assistentes sociais, para atenderem os alunos com problemas de aprendizagem no pós-pandemia”, disse Silva.   

Representando o secretário de Estado de Educação, Allan Porto, o superintendente de relacionamento escolar, Saulo Scariotti, afirmou que a volta às aulas de forma híbrida foi planejada de forma exaustiva. Para isso, em 2020, o governo investiu cerca de R$ 3,5 milhões nas 727 unidades escolares estaduais. Segundo ele, em 2021, houve um incremento da receita em 47% de recursos financeiros para as unidades escolares.     

“Esse valor contabiliza os gastos que as unidades escolares têm, por exemplo, com gás de cozinha e material de expediente. Além disso, as escolas ganharam um reforço financeiro de 47% a mais em seu orçamento. Em agosto, o governo repassou mais R$ 24 milhões, totalizando quase R$ 60 milhões para as 727 unidades escolares”, afirmou Scariotti.     

O superintende disse ainda que em todo o estado existem 18 escolas urbanas que não voltaram às aulas híbridas. O motivo, segundo ele, é porque essas unidades escolares estão com sua infraestrutura em obras. Mas afirmou que as reformas serão finalizadas até o final de setembro. Em relação as escolas rurais, ele disse que oito delas estão enfrentando problemas de transporte escolar. Mas os alunos estão tendo aulas de forma remota.    

“Até o final de setembro deste ano, todas as 727 escolas estaduais estarão funcionando no modelo híbrido. O governo não está escondendo nada de ninguém. O governo está fazendo o monitoramento dos casos de covid-19. Até o momento, há 0,6% do total de profissionais contaminados, de um total de 23.700 mil”, explicou o superintendente.    

O professor e reitor da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Rodrigo Zanin, disse que a instituição de ensino superior precisou se reinventar por causa da pandemia de covid-19. Segundo ele, todos sabem do prejuízo acadêmico e social que o ensino remoto trás à população estudantil. Para o reitor, não é fácil ofertar grades curriculares de graduação superior que não foram preparados paro o ensino remoto.   

“Enquanto os Estados Unidos da América triplicaram ou seus investimentos em ciências, em tecnologias e no ensino superior, aqui no Brasil tomou atitude contrária. O orçamento para a educação no país está defasado. O que a Unemat e as outras instituições podem fazer para melhorar o ensino de educação básica e superior?”, questionou o reitor.   

De acordo com ele, com as suspensões das aulas presenciais em março do ano passado, a Unemat teve que se reinventar e, para isso, criou um modelo de ensino de graduação para os seus alunos. Na instituição foi criado o período letivo suplementar, que é uma forma de poder ofertar o ensino aos estudantes no formato remoto emergencial.           

 “Mas não são todos os alunos que possuem computador. Em 2021, voltamos ao formato normal, mas mantemos o ensino remoto emergencial. Em 2021/2, o retorno é gradual porque há disciplina que precisa ser presencial. Mas isso está sendo feito de forma controlada e com segurança”, disse.   

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep), Valdeir Pereira, afirmou que o retorno às aulas precisa ser feito com cautela. Para ele, o impacto da pandemia tem dois aspectos que preocupam: o imediato e o outro é o futuro. Segundo o sindicalista, todo o período sem aulas presenciais nas escolas públicas estaduais não foi causado pelos professores e nem pelos estudantes. Mas sim pela ausência da Seduc nas discussões.  

“Hoje, não há um sistema híbrido de ensino. Mas de revezamento de estudantes que estão escalonados para irem numa determinada semana à escola. Vai uma semana e ficam duas em casa. Esses estudantes quando não estão presenciais nas escolas, estão totalmente desassistidos. Porque o professor está acompanhando o aluno dentro da escola, mas o aluno que está em casa com material impresso, tem que se virar. Não tem acompanhamento do professor”, disse.      

 A vice-presidente da União Estadual dos Estudantes de Mato Grosso, Amanda Silva Sousa, afirmou que a educação remota não é o mesmo que educação à distância. Ela questionou também o uso do WhatsApp com instrumento ensino à distância. Segundo ela, o aplicativo não feito para isso, acarretando uma evasão assustadora nas escolas.   

“A evasão dos alunos se materializou com a inscrição dos alunos às provas do Enem. Quando o governo não garante a permanência dos alunos em sala de aula, ele desmotiva o estudante do ensino médio a entrar no ensino superior”, disse Amanda Sousa.  

Para ela, o retorno híbrido às salas de aula é precipitado porque o governo não fala da imunização dos estudantes. Segundo Amanda Sousa, muitos alunos vão de transporte escolar e na maioria das vezes lotado. “Vamos ter um rodízio dos estudantes, mas as organizações de saúde falam do risco de contaminação no trajeto para a escola. Mas muitas vezes, mesmo que sejam assintomáticos, estão levando vírus para dentro de casa”, afirmou.    

Ela questionou o governo em relação ao custo das aulas remotas para o professor. “O estado que faz propaganda que é rico, que é o celeiro do Brasil e com superávit. Mas onde está sendo investido esse lucro? No trabalhador não é. Enquanto isso, os professores, em casa, estão arcando com gastos com energia elétrica e com a internet”, disse Amanda Sousa.   

Fonte: ALMT

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