De Vila Nova Cachoeirinha, na Zona Norte de São Paulo, para um dos maiores pontos turísticos dos Estados Unidos: a Times Square! No mês de junho, MC Dricka fez história no mundo do funk — e na música brasileira — ao ser indicada ao prêmio BET Awards, na categoria “Melhor novo artista internacional” , e tendo sua foto divulgada pelo Spotify em um dos telões de Nova York.
Antes de aparecer na Times Square, a artista conta que foi avisada da possibilidade, mas que não acreditava que seria escolhida. “Não botei muita, muita fé porque eu achei que iam colocar outras pessoas, mas aí eu acordei com aquela foto e a minha primeira legenda de foto no Instagram do dia foi: ‘Bom dia com a mulher está com a cara Times Square’. Fiquei muito feliz mesmo.”
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O BET Awards acontece neste domingo, 27, e as expectativas para a cerimônia são grandes. “Que eu consiga trazer esse prêmio aqui não só para mim, por esse mérito maravilhoso, mas sim para o Brasil, por estar representando o nosso país”, conta.
Mesmo que não leve o prêmio para casa, Dricka conta que já se sente grata por ter sido indicada. “Mesmo que eu não consiga, eu quero agradecer a todo mundo que tirou um pouco do seu tempo para ir lá voltar. E agradecer mais uma vez por eu ter sido indicada, né? Um bom começo, nós já temos aí uma indicação.”
Ao iG Gente, a artista conta que, antes de fazer sucesso na música, era inspirada por artistas como MC Marcelly, Tati Quebra Barraco, Joelma e Anitta. A vida da MC mudou em 2019, quando seu primeiro hit “Empurra Empurra” estourou nas plataformas de streaming. Hoje, a funkeira acumula mais de 300 milhões de reproduções em suas músicas.
“No começo, a gente quase não tem apoio de ninguém porque ninguém bota fé, acha que é só uma coisa de momento e que vai passar. Quando eu comecei a me dedicar, a minha mãe e minha família começaram a me apoiar bastante.”
A representação de várias comunidades
Dricka é o retrato das pessoas negras, periféricas e da comunidade LGBTQIA+. Ela afirma que representar isso em um anúncio tão marcante foi especial. “Significou o mundo. Eu abri mais portas para pessoas que são desse mesmo meio. Eu quebrei uma barreira, então para mim é supergratificante. Eu me sinto mais à vontade de ser quem eu sou: preta, periférica, LGBTQIA+. Consegui quebrar um tabu”, acredita.
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Ainda hoje, o funk sofre preconceito por ser um estilo musical periférico e pelos temas que aborda. Dricka se considera parte dessas minorias e, por cantar o funk pesadão, enfrenta ainda mais obstáculos. “Eu sofro racismo em dobro. Sofro preconceito por ser lésbica, sofro racismo por ser preta, sofro preconceito por ser favelada e funkeira”.
Apelidada de “Rainha dos Fluxos”, Dricka frequentava bailes funks e sempre fez sucesso nos eventos periféricos. A artista diz que agora por conta da fama que conquistou, frequentar os bailes se tornou difícil. “Eu fico um pouco impossibilitada de ir porque muitas pessoas querem tirar foto. O problema não é esse, mas vai ficar lotado e fica complicado para a gente. Mas se for para fazer show, tem que arrumar um jeito”.
Quando perguntada se sair do funk seria uma possibilidade, a artista nega. “Eu quero continuar representando o funk. Não é à toa que os caminhos que me abriram foram por meio dele. Eu não fui parar na Times Square porque eu canto pop. Isso aconteceu porque eu canto funk, pretendo continuar e quero levar isso para fora”.
Não é por não querer sair do funk que a funkeira também não quer experimentar outros estilos. “Eu tenho interesse pela musicalidade toda. Eu escrevo tudo, tem de tudo gravado. Eu literalmente amo a música, em primeiro lugar o funk, depois todos os outros estilos”, conta.
Vida pessoal e novos desafios
Lésbica assumida, Dricka namora há mais de um ano a influencer Larissa Novais. A funkeira conta que pretende casar na faixa dos 30 anos e que deseja ser mãe. “Quando eu fizer essa idade, quero ter uma menina. Casar, ter minha filha, né? Ter uma família”, diz.
Na última sexta-feira, a artista lançou o novo projeto “MC Dricka Convida”, que traz produções com diversos artistas do funk paulista. Expandir a carreira artística também é algo que está nos planos da funkeira.
“Eu quero ser atriz, pretendo engajar bastante nisso. Esse ano ou no próximo já quero começar a atuar. Eu me empenho muito, decoro bastante e é o que eu quero”, conta. No mundo da música, conquistar o cenário internacional também é um desejo.
Até o momento, ainda não aconteceu convite de artistas de fora do país, mas Dricka conta que já é reconhecida pelos ouvintes estrangeiros. “Pessoas que não são do mundo artístico, que são do público de fora já me seguem, mandam mensagens e é legal”.
Um dos planos de Dricka neste ano é lançar um álbum voltado para a comunidade LGBTQIA+. Ainda sem data de lançamento, o EP já conta com participações confirmadas de Gloria Groove, Lia Clark e Danny Bond. “Para quem curte mesmo, vai ter música de amor, vai ter música de sexo, vai ter música de tudo, quebrando todos os tipos de tabu, todos os tipos de relacionamento vai ter também”, conta.