A queda diária no preço do combustível, entre a segunda-feira (08) e a sexta-feira (12), surpreendeu até os especialistas que especulam o que teria desvalorizado o produto.
Os motoristas cuiabanos tiveram uma grata surpresa, e um alívio no bolso, durante essa última semana ao pararem nos postos de combustíveis para abastecer seus veículos com etanol.
O combustível que terminou a primeira semana de fevereiro custando R$ 3,29, veio perdendo valor diariamente desde a segunda-feira (08), quando era possível encontrar álcool a R$ 3,17. Até esta sexta-feira (12), quando encontramos o produto a R$ 2,97.
Na contramão do álcool, no meio da semana a gasolina teve aumento de 7% na refinaria e o diesel 3%. No entanto, ainda não foi repassado ao consumidor devido aos estoques do produto adquirido anteriormente, mantendo inalterado o valor na bomba.
No entanto, embora muito bem vinda, a queda no preço do etanol não tem um motivo específico. E até o Diretor Executivo do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleieras do Estado de Mato Grosso (Sidalcool MT), Jorge Santos, foi pego de surpresa com essa ‘baixa’ na bomba.
“Eu também estranhei, vi nos postos a R$ 3,09, R$ 3,11, R$ 3,05, porque razão eu também não sei, não consegui entender, pois, nas últimas seis semanas não tem acontecido alterações de preços reais nas usinas, e quando aconteceu foi diferença de 1 ou 2 centavos, que é mais estatístico do que variação real, então, a princípio, não há o que justifique nem aumento e nem queda no preço do etanol. Aí eu vou para a rua o preço caiu nos postos, eu acho ótimo”, contou Jorge.
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O especialista explicou que nesta época do ano a produção de etanol é à base de milho, produto que ainda não entrou na safra e por isso é cotado caro, impedindo uma redução de preços nas usinas.
“Essa época de produção é só milho. A cana para no final de novembro, começo de dezembro. O valor do milho está nas alturas, já que a safra não começou ainda, então não há como prever queda de preço nas usinas”.
Uma das especulações para tentar entender o que está acontecendo, já que a venda do combustível ainda sofre com a crise causada pela pandemia do novo coronavírus, e hoje a venda ainda está 12% menor se comparado com 2019, é a possibilidade de alguma usina com excesso de etanol precisando girar o produto.
“2019 nós vendemos 1 bilhão e 60 milhões de litros de etanol. 2020 não deve chegar a 900 milhões vendidos. A empresa não parou de produzir e como não está vendendo na mesma proporção, o preço pode ter baixado para tentar fazer com que o volume de vendas cresça”, especulou.
Outra possibilidade para essa queda no preço do álcool é a ‘movimentação de mercado’, ou seja, um posto faz uma promoção, derruba o valor do combustível e pressiona a concorrência a fazer o mesmo, para manter a competitividade, ainda reflexo da baixa procura pelo produto.
Os postos de combustíveis também devem estar com estoque do produto ou contrato de fornecimento precisando girar, então baixam o preço na bomba, já que a economia ainda segue na tentativa de recuperação.
“É um movimento de mercado. Um posto baixa, outro, para não perder mercado, baixa também, daqui a pouco baixou geral. Até que ‘alguém’ acorda e grita ‘gente estamos perdendo dinheiro, aumenta aí’, quando os preços voltam a subir”, relatou.
O RepórterMT apurou que essa corrente de baixa de preços teria começado com a rede de postos de combustíveis Free, que por conta de contratos de fornecimento, se viu obrigada a baixar o preço para ver o produto ‘escoando’ das bombas para o tanque dos consumidores.