A vítima Lucimar Fernandes Aragão, de 40 anos, não é vista desde maio do ano passado
A estudante de Direito Lucimar Fernandes Aragão (detalhe), que não é vista desde maio de 2020
A Polícia Civil concluiu o inquérito sobre o desaparecimento da estudante de Direito Lucimar Fernandes Aragão, de 40 anos, que foi vista pela última vez em maio de 2020.
Principal suspeito pelo crime, o namorado Izomauro Alves de Andrade foi preso no dia 29 de janeiro e autuado por feminicídio e ocultação de cadáver.
O corpo de Lucimar ainda não foi encontrado e equipes continuam em diligências.
De acordo com o delegado Fausto Freitas, titular da Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), Lucimar fez quatro ligações antes de desaparecer.
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Na versão dele existem várias constatações e mentiras. Por exemplo: ele fala que, constatado o desaparecimento, fato estranho é que ele não procurou a Polícia
Chorando, falou para um amigo que ela e o então namorado tinham discutido e que estava com medo de ser agredida.
Ela tentou fazer mais duas ligações, que não foram atendidas e, por fim, ligou para o 190. No entanto, a ligação para a Polícia durou cerca de sete segundos e foi interrompida.
A discussão teria começado após Lucimar pedir para que o namorado saísse da casa, que era dela. Mas ele teria se negado.
Outro ponto importante da investigação, de acordo com Freitas, é que o suspeito mentiu sobre ter tentado entrar em contato por várias vezes com Lucimar.
“Na versão dele existem várias constatações e mentiras. Por exemplo: ele fala que, constatado o desaparecimento, fato estranho é que ele não procurou a Polícia. Fala que não procurou porque foi aconselhado por uma tia dela de que ela já tinha desaparecido outras vezes e que isso era normal”, disse o delegado.
“Porém, ele fala fala também que tentou se comunicar com ela várias vezes, através de ligações e Whatsapp. Isso comprovadamente não é verdade. Ele não tentou realizar sequer uma ligação para o telefone da vítima. Ele não ligaria para uma pessoa que sabia que estava morta”.
Como o suspeito trabalhava como motorista de caminhão transportando entulhos de um ponto para outro da cidade, a DHPP acredita que a profissão “favoreceu” na ocultação do cadáver.
“O dia a dia dele é pegar entulhos e levar de um lugar para o outro na cidade. De modo que facilmente ele poderia jogar o corpo em uma vala e descarregar o caminhão em cima”.
Desaparecimento
O namorado de Lucimar contou que ela desapareceu na madrugada de 18 de maio de 2020. Ele teriam passado a noite juntos e o namorado relatou que não tiveram desentendimentos.
De acordo com ele, quando voltou do trabalho, no final da tarde daquele dia, a mulher não estava mais na casa.
Um mês antes do desaparecimento de Lucimar, a vítima havia denunciado o namorado por violência doméstica.
“Depois que ele foi preso, ela, como muitas outras vítimas, foi atrás para soltá-lo e depois para tirar a tornozeleira dele. Alguns dias após a tornozeleira ser retirada, ocorreu o desaparecimento dela”.
Conforme Fausto, os policiais não conseguiram encontrar vestígios de sangue ou luta na casa onde Lucimar foi vista pela última vez, pois a família comunicou que ela estava desaparecida apenas três meses depois.
O imóvel ainda passou por reforma.
Eles estavam juntos havia seis meses. Apesar de Lucimar já ter ficado sem dar notícias à família, o delegado ressaltou que o fato nunca aconteceu por um período tão grande.
“Todos os vestígios levam à conclusão de que ela está morta. Não existe uma única informação ou vestígio de vida dela nesse ano que está desaparecida. O próprio filho dela fala que ela sempre entrou em contato em datas como o aniversário. Não há histórico dela ter desaparecido dessa forma outras vezes. Ela sempre mantinha contato com alguém. Tudo isso reforça que Lucimar realmente foi vítima de um crime contra a vida seguido de ocultação de cadáver”.