O vereador Paulo Henrique Figueiredo (MDB), preso preventivamente por envolvimento com o Comando Vermelho (CV) em Mato Grosso, teria solicitado dinheiro a membros da facção para “comprar” uma vaga de conselheiro tutelar em Cuiabá. As informações constam em uma denúncia do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), no âmbito da Operação Pubblicare.
De acordo com o documento, em outubro de 2023, o vereador trocou mensagens com o empresário Ronnei de Souza, responsável pelo Quiosque do Xômano, pedindo apoio financeiro para os candidatos a uma vaga de conselheiro tutelar. Antes de transferir R$ 300, Ronnei questionou qual seria o valor. Paulo Henrique informou que o ex-chefe do Cerimonial da Câmara de Cuiabá, Rodrigo Leal, réu na Operação Ragnatela, havia doado R$ 1.000, enquanto Willian Aparecido da Costa Pereira, conhecido como “Willian Gordão”, teria doado R$ 500. Gordão é apontado como membro do CV e proprietário do antigo “Dallas Bar” e outros empreendimentos na capital.
“Em 29 de outubro de 2023, o vereador Paulo Henrique entrou em contato com Ronnei, solicitando apoio financeiro para os candidatos à vaga de conselheiro tutelar, ao qual colaborou com R$ 300,00 (trezentos reais). Os valores enviados por Willian Gordão e Rodrigo Leal evidenciaram a relação próxima com o vereador”, diz um trecho do relatório.
Outra evidência de ligação entre Paulo Henrique e Willian Gordão foi uma nota fiscal no valor de R$ 10.545,00 referente à compra de telhas, paga por uma das empresas de Willian, a Expresso Lava Car. O endereço de entrega informado na transação foi o do Sindicato dos Auditores Fiscais de Mato Grosso (SINDARF/MT), presidido por Paulo Henrique.
“Constatou-se inúmeros elementos comprobatórios do recebimento de propinas de promotores de eventos e da facção criminosa Comando Vermelho, por meio de Willian Gordão, não restando dúvidas quanto à prática do crime de corrupção passiva e organização criminosa”, diz a denúncia.
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O vereador Paulo Henrique Figueiredo (MDB) e outros quatro acusados se tornaram réus por crimes ligados ao Comando Vermelho, lavagem de dinheiro e corrupção nesta terça-feira (12), após a denúncia do Gaeco. Paulo Henrique havia sido preso pela Polícia Federal em setembro, durante a Operação Pubblicare, um desdobramento da Operação Ragnatela, mas foi solto com medidas cautelares. No entanto, até o momento, sua localização é considerada incerta.
A Operação Ragnatela revelou que líderes do Comando Vermelho adquiriram o Dallas Bar por R$ 800 mil e usavam shows com artistas nacionais para lavar dinheiro do tráfico. As investigações indicaram que agentes públicos apoiavam o esquema, facilitando fiscalizações e concessões de alvarás em troca de vantagens indevidas.
Além das cinco pessoas que se tornaram réus nesta terça-feira, outros 13 têm a primeira audiência de instrução e julgamento marcada para o dia 3 de dezembro.