O uso racional de recursos públicos é um indicador de sustentabilidade de um órgão. Assim, como a criação de ambientes ambientalmente corretos e socialmente justos. Essas ações estão presentes no Plano de Logística Sustentável (PLS) do Poder Judiciário de Mato Grosso, conforme prevê a Resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) n. 400/2021. Os desafios de criar e implantar uma política de sustentabilidade em instituições públicas foi tema de uma das palestras realizadas no IX Encontro de Sustentabilidade e I Seminário de Mudanças Climáticas do Poder Judiciário, nessa terça-feira (01 de outubro).
O planeta não se regenera na mesma proporção do modelo de consumo atual. A frase foi uma das provocações feitas por Adriana Moreira Tostes Ribeiro, palestrante que compartilhou um pouco de sua experiência como Coordenadora de Gestão Socioambiental do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. Apesar da recente aposentadoria, a Adriana segue seu propósito de ser uma agente transformadora e deixar sua contribuição “para evitar que o meio ambiente se degrade tão rapidamente”.
Uma dessas contribuições está em garantir a compreensão do significado e a finalidade do Plano de Logística Sustentável (PLS), que ela ensina a partir de uma observação simples. “Vocês já sabem quantas vasilhas plásticas que você tem em casa?” A analogia é um exemplo caseiro que revela um comportamento nada sustentável. “É uma analogia perfeita de que nós não planejamos, vivemos numa sociedade que exige apenas consumo-gasto-consumo-gasto”.
O mesmo comportamento pode ocorrer nas instituições públicas, com a compra desnecessária de itens de papelaria e contratações sem estudo de viabilidade. “É importante lembrar que o nosso contexto é de processos eletrônicos de trabalho, portanto, o natural é que tenhamos menos materiais de consumo, como papéis”.
Adriana Tostes destacou que o Plano de Logística Sustentável (PLS) é uma das ferramentas de planejamento, tendo a unidade de sustentabilidade como coordenadora das ações. “Ele tem 100% a ver com o modus operandi que resultará no que, no caso, o CNJ idealizou e previu”.
Para uma mudança efetiva ocorrer, Adriana Toste propõe que instituições como o TJMT foquem na elaboração de um planejamento estratégico sustentável. “O plano estratégico se desdobra em outros planos, como o de diretor de obras, de mobilidade, capacitação, contratações, logísticas. Todos eles precisam estar bem alinhados. A sustentabilidade tem a ver com alinhamento dos planos, do estratégico com todos os outros que se desdobram da estratégia”.
Esses planos, quando não relacionados, aumentam o risco de ocorrer situações de uso irracional de recursos públicos, que também é um indicador de sustentabilidade. “É como se o TJMT comprasse carros elétricos sem fazer o estudo de viabilidade técnica. Então, ele não sabe se no território tem estação de energia elétrica, se há custo-benefício. Este é um exemplo de situação em que o critério de sustentabilidade definido não estava alinhado ao planejamento, à estratégia do órgão e nem à realidade. Essa compra é completamente insustentável”.
Contratações – Para a palestrante, a sustentabilidade e a contratação caminham juntas e o plano de logística sustentável precisa ser dinâmico para acompanhar a realidade da instituição. “O plano de logística sustentável tem indicadores de mobilidade, de combustível, indicadores prediais, contratos de limpeza, recepção e gráfica; tem indicadores sobre consumo de água, papel, energia”. Conforme a palestrante, as demandas por esses itens oscilam e, se a contratação da quantidade sempre for a mesma, a compra está longe de ser sustentável.
Plano de Logística Sustentável do CNJ – O Plano de Logística Sustentável do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) é composto por medidas para minimizar os impactos causados ao meio ambiente decorrentes das atividades do CNJ. O documento permite a institucionalização de práticas de sustentabilidade, que visam a racionalização de gastos e consumo, por meio da construção de indicadores e metas.
“Muito se fala em sustentabilidade hoje, mas precisamos aferir esses resultados e temos condição de avaliar, pelo modelo de consumo. Os órgãos públicos também têm que refletir e estimular os seus servidores, os seus magistrados a adotarem essa postura e essa consciência sustentável”.
O público-alvo do PLS são magistrados, servidores, estagiários e terceirizados do CNJ e, indiretamente, os tribunais, a comunidade local e toda a sociedade.
Como mensagem final do encontro, Adriana quis sensibilizar o público para adotarem comportamento sustentável.
“Estamos vivendo um momento em que a natureza está gritando e precisamos mudar para um comportamento sustentável. O que fazemos aqui é inspirá-los com mecanismos, instrumentos práticos para poderem realmente girar a chave da mudança”.
#Paratodosverem – Esta matéria possui recursos de texto alternativo para promover a inclusão das pessoas com deficiência visual. Imagem 1: Foto horizontal mostra Adriana, uma mulher de pele escura, cabelos lisos. Ela usa uma blusa com estampas geométricas nas cores vermelha e cinza. No registro ela fala para a plateia.
Priscilla Silva | Foto: Alair Ribeiro
Coordenadoria de Comunicação Social do TJMT
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