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A manicure Luciana Aparecida da Silva, de 40 anos, moradora de Diamantino (183 km de Cuiabá), registrou um boletim de ocorrência junto à Polícia Civil após ter sido espancada e ter o cabelo cortado durante uma sessão de tortura dentro de sua própria casa. O crime foi praticado no dia 13 deste mês por três mulheres após Luciana não conseguir pagar uma dívida de R$ 1.766,22 adquirida em uma loja de roupas na cidade pertencente a uma das agressoras. Trata-se da empresária Thais Santos da Cunha, esposa de um sargento da Polícia Militar de Diamantino.
De acordo com a vítima, toda a sessão de tortura e invasão da residência foi presenciada pelos filhos menores, incluindo uma menina de 4 anos autista. Após as agressões, a empresária ainda roubou o celular da vítima e fez outras ameaças de morte. A manicure e o marido gravaram vídeos exigindo providências por parte da Polícia Civil e pedem Justiça, pois afirmam que nada foi feito até o momento e ela continua sem o celular que utiliza para agendar horários com as clientes e marcar consultas para a filha autista.
O marido de Luciana relata que até pensou em fazer “vingança” por conta própria, mas optou por cobrar justiça. No entanto, ambos reclamam que nada foi feito pela Polícia Militar no dia das agressões pelo fato de a agressora ser esposa de um sargento e nem pela Polícia Civil que sequer intimou as agressoras acusadas pelos crimes de invasão de domicílio, lesão corporal, tortura e pelo roubo do celular. Eles contam que Thais ainda divulgou fotos da vítima com o cabelo cortado e as imagens viralizaram em grupos de WhatsApp na cidade.
Eles também enviaram prints de uma conversa que o marido de Luciana manteve com Thais se prontificando a pagar a dívida de forma parcelada, mas ela respondeu que só aceitava o valor integral e através de PIX na conta da loja, pois não receberia os R$ 300 que ele tinha e pretendia repassar para quitar parte da dívida da esposa.
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No documento policial, a manicure relata que a suspeita, junto com uma mulher chamada Zaiane Sousa e uma terceira comparsa não identificada, foram até sua residência cobrar a conta feita na loja Malibu Store. A manicure disse que foi agredida com uma tesoura na cabeça, além de ter sido espancada com chutes e murros. Além do boletim de ocorrência, a vítima também gravou um vídeo, onde relata que nenhuma providência por parte das autoridades policiais foi tomada. Na gravação, ela cobra por justiça e afirma temer por sua vida.
“Eu comprei umas roupas dela e não consegui pagar. Eu dei uma parcela de R$ 130 e já tem seis meses que eu não consegui pagar o resto. Mas em nenhum momento me neguei a pagar. É que eu não consegui mesmo por situação financeira. Ela veio até minha casa para receber. Eu falei que não tinha o dinheiro. Ela viu que eu estava sozinha. Veio ela e mais duas mulheres e começaram a me torturar. Me agrediram muito, deram socos na minha cabeça. Cortaram todo o meu cabelo. Cortaram minha cabeça com a tesoura. Ameaçaram meus filhos: um menino de 8 anos, meu enteado de 7 e minha filha autista de 4. Ameaçaram eles de morte. Meu filho gritou ‘larga minha mãe’, aí elas ameaçaram. Roubou meu celular, falou que não ia devolver. E falou que se eu estivesse com muita pressa, que para mim procurar meus direitos”, começou.
Luciana disse que a Polícia Militar foi até sua residência, “mas não fez nada”. Ela também destaca que foi até a Polícia Civil, onde fez o boletim de ocorrência e passou por exame de corpo delito. Por conta da situação, a manicure disse que não consegue dormir à noite e já chegou a perder três quilos, porque não consegue comer.
“E não fizeram mais nada por mim até agora. Eu quero justiça, porque elas me torturaram muito. Elas invadiram minha casa e me machucaram muito. Meus filhos viram o que eu tava passando. Olha como me deixaram. Eu não consigo dormir à noite. Meus filhos não dormem bem. Já perdi 3 quilos. Não consigo sair de casa. Com muita vergonha de tudo que fizeram comigo. Acabaram com minha vida. Meu menino está com medo de ir para a escola”, desabafa ela na gravação.
No vídeo, a mulher ressalta que também não está levando a menina de 4 anos à escola por conta da distância e por lembrar que Thais teria dito que se a visse na rua passaria com o carro por cima dela. Destaca que precisa do celular, pois trabalha como manicure e os números das clientes estão agendados nele. Disse também que com o celular consegue conversar com o neurologista da filha, que conseguiu por meio do SUS e se perder um dia de consulta, teria transtornos para conseguir reagendar.
Em outro trecho, Luciana lembra que o marido, que trabalha como segurança na cidade, tentou negociar, mas a suspeita foi irredutível.
“Meu esposo estava com R$ 300 para passar para ela e ela não aceitou. Na segunda, ela veio aqui e fez tudo isso comigo. E ela se aproveitou que meu esposo não estava em casa. Estou com muito medo. Isso não pode ficar impune, tem que ter justiça. Uma pessoa dessas que situação não chega? Ela falou que ia me matar e quem estivesse comigo. Eu quero meu celular de volta. Eu necessito dele. Minha filha está fazendo consulta com neuro e está fazendo exames pelo SUS. Se a gente perder a data certa a gente perde e depois para conseguir de novo é uma eternidade. Eu preciso trabalhar. Eu sou manicure. Não tem como eu trabalhar, se eu não tenho o contato das minhas clientes”, lamentou.
O marido de Luciana classifica o crime como tentativa de homicídio, ao lembrar que só não fizeram algo pior por causa dos vizinhos. “Foi uma tentativa de assassinato. Elas estavam com uma tesoura. Só não mataram minha esposa, porque os vizinhos viram. Nós temos testemunhas do que elas fizeram aqui, foi bárbaro. Não há nada que justifique o que elas fizeram. Eu busquei negociar de todas as formas. Ela não quis, muito menos o esposo dela, que é um sargento da PM aqui em Diamantino. Eu quero justiça”, finalizou.
O casal está tentando auxílio jurídico em Diamantino para acionar a agressora na Justiça e também para que a Polícia Civil dê uma resposta e não deixe as agressoras impunes. E também para que Thais não venha a cumprir as ameaças que fez contra a manicure e os filhos dela.