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A cuiabana Elizabeth Cardoso Campos, de 55 anos, foi autorizada a retornar ao Brasil pela polícia francesa e embarcou na madrugada deste sábado (27), no Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, para São Paulo onde fará conexão para Mato Grosso. Ela foi confundida como integrante de grupo criminoso português alvo da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpool) por clonar passaportes. Os familiares ingressarão com processo contra a União por danos materiais e sofrimento psicológico.
De acordo com o advogado Alex Campos, sobrinho da mato-grossense que ficou retida por sete dias no país, a tia foi barrada pela imigração porque os agentes entenderam que sua documentação era falsa. No entanto, o advogado afirmou ao site que as acusações eram infundadas e que a tia nunca viajou a Portugal.
“É completamente infudanda a acusação. Uma situação de extravio de passaporte em Portugal sendo que ela nunca passou por lá. Era tão fácil ter resolvido se as autoridades da França tivessem entrado em contato com a Polícia Federal do Brasil, que tem sede lá. Era tão fácil um cruzamernto de dados e não foi feito”, disse Alex Campos ao site.
O advogado é parte da família que está em Cuiabá, e ficou ansiosa por notícias desde que Elizabeth deixou Dublin, na Irlanda, no último dia 20 em direção à França, onde faria uma conexão em Paris para viajar a Brasília. Porém, acabou sendo levada pela polícia e permaneceu em unidade da Cruz Vermelha Internacional.
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Essa suposta relação amistosa que o Brasil tem com a França só existe entre os governantes
Elizabeth estava na Irlanda desde fevereiro de 2023 para cuidar do filho da sobrinha, a engenheira civil Fernanda Cardoso. Ela viajaria para Brasília pois na quarta-feira (24) tinha entrevista na Embaixada dos Estados Unidos para obter visto. O pedido para obter a autorização foi ingressado em setembro de 2022, totalizando mais de um ano e meio de espera.
A comunicação era limitada tanto com o Consulado do Brasil no país quanto com Elizabeth. A primeira tentativa de repatriação foi frustrada. A passagem foi comprado pela família para um voo na sexta-feira (26), às 10h. Mas ela chegou atrasada por falta de um carro para levá-la até o aeroporto.
Os parentes contrataram uma advogada francesa para tentar viabilizar o embarque. A polícia prospectou uma nova tentativa para este sábado (27). Mas por não receberem um documento certificando a viagem, o sobrinho tinha dúvidas se a tia cconseguiria voltar.
“A única coisa que nos foi informada é que ela tinha um voo para o Brasil. Mas eles nunca deixaram documentado. Não tínhamos uma resposta por e-mail ou nada oficial. A gente estava meio cético, incrédulo que isso iria acontecer”.
PASSAPORTE DE CUIABANA VENCE EM 2032
A fragilidade do caso era algo que preocupava a família da cuiabana. Ao tomar conhecimento da situação, Alex fez uma consulta na Polícia Federal e comprovou que “nada consta” contra a tia. O passaporte de Elizabeth, por exemplo, vence em 3 de março 2032, conforme comprova declaração a qual a reportagem obteve acesso. Por não ter ficha criminal ou restrições documentais, uma das possibilidades, caso o voo não acontecesse neste sábado, era ingressar com um habeas corpus para que ela seja liberada.
“Não há nenhuma restrição de documentos, ficha criminal e queremos que ela seja liberada, pelo menos para voltar ao Brasil. Já que não queriam a brasileira lá por que não a liberavam? Essa era a questão”, apontou o sobrinho.
Alex vê como uma “negligência” a condução do caso pelo Consulado do Brasil e afirmou que uma causa será ajuizada contra a União por danos morais.
Já que não queriam a brasileira lá por que não a liberavam?
“A gente ficou completamente à mercê dessa negligência, dessa situação e alguns servidores com quem estávamos tentando falar no telefone começaram a agir com certo incômodo. Teve até discussão com um representante do Brasil. E ela está há quase sete dias retida, com toda a documentação e pertences retidos, sem poder sair nem na porta”, denunciou o sobrinho.
XENOFOBIA CONTRA ELIZABETH NÃO É UMA SITUAÇÃO ISOLADA
A família usa o caso de Elizabeth para trazer à tona casos de xenofobia contra brasileiros na França. Alex Campos disse que o número de ocorrências dessa natureza está subindo.
“Há um acréscimo da xenofobia na Europa. Queremos que essa situação chegue no governo brasileiro, pois essa suposta relação amistosa que o Brasil tem com a França só existe entre os governantes. Quando um brasileiro está em situação de crise, vemos um total abandono do Consulado brasileiro na França. É uma sensação de impotência”, finalizou.
OUTRO LADO
O HNT entrou enviou questionamentos sobre a situação da mato-grossense à Embaixada do Brasil na França, mas não obteve retorno até o fechamento da matéria. O espaço segue aberto.