Apesar de arrecadar dinheiro majoritariamente do tráfico de drogas, o Comando Vermelho de Mato Grosso exibe uma complexa organização financeira. Investigações do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) descortinaram métodos de arrecadação da facção criminosa como o pagamento de mensalidade dos faccionados e uma lista de taxas cobradas desde criminosos a comerciantes.
De acordo com as investigações, as principais ‘taxas’ cobradas pelo CV-MT são as camisas, constituídas por taxas cobradas dos próprios membros da facção criminosa, as taxas de biqueira, ou seja, as taxas de manutenção dos pontos de venda de droga e as taxas de segurança, cobradas de comerciantes para que, em tese, tenham os estabelecimentos protegidos da criminalidade.
Mantendo a fama de ‘sanguinário’, as cobranças do Comando Vermelho quase sempre são acompanhadas dos ‘salves’, sessões de tortura e em alguns casos, de homicídio, comandados pelo ‘disciplina’ da facção, encarregado de manter a ‘lei do crime’.
Decisão judicial que deu origem à ‘Operação Ativo Oculto’, deflagrada pelo Gaeco, obtido revela ainda que a lista de atividades criminosas comandadas pela facção incluem roubos majorados, latrocínios, furtos qualificados, tráficos de drogas e associação para o tráfico. O dinheiro do crime é dissimulado a partir de sofisticados esquemas de lavagem de dinheiro e, posteriormente, parte é reivenstida no próprio CV-MT.
“[…] As supramencionadas atividades geram vultuosas quantias que, além de custear ostentações de estilos de vida incompatíveis com a capacidade lícita econômica dos integrantes e seus familiares, para assegurar seu crescimento e o domínio do território, hegemonia esta que a facção, como cediço, mantem às custas de extremada violência, torturas, homicídios e afins, em face de forças policiais, agentes estatais e, ainda, membros de facções rivais”, diz trecho.
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OPERAÇÃO ATIVO OCULTO
Deflagrada na última quinta-feira (23) a ‘Operação Ativo Oculto’ desarticulou esquemas de lavagem de dinheiro perpetrado por líderes do Comando Vermelho de Mato Grosso e seus familiares. Uma daspessoas presas foi Thaisa Souza de Almeida, esposa do presidiário Sandro da Silva Rabelo, o “Sandro Louco”.
Ao todo, foram expedidas 271 ordens judiciais, sendo 34 mandados de prisão cautelar, 112 de bloqueio e sequestro de bens e valores e 125 de busca e apreensão. Foram mobilizados mais de 600 policiais civis e militares para ação.