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O copo meio cheio ou meio vazio da mobilidade elétrica

O copo está meio cheio ou meio vazio?
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O copo está meio cheio ou meio vazio?

Fala, galera. Beleza? Tirei uma semana de férias com a família, mas sem faltar com o compromisso de escrever o texto da semana. Dá uma conferida no texto da semana passada .

De volta para a rotina, sempre recebo provações extremamente produtivas. Na manhã, com o feedback e avaliações de usuários, e, na parte da tarde, por uma discussão em grupo de motoristas de App com o mesmo feedback que recebi anteriormente: está demorando para instalarem mais carregadores rápidos.

No primeiro momento, os comentários me pareciam mais como a percepção de quem não trabalha na área ou está desatualizado. Após alguns instantes de reflexão caiu a minha ficha (que coisa mais velha, rsrsrs). Ambos falaram da realidade deles.

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Vamos aos fatos: a quantidade de carregadores por todo o Brasil aumentou de forma impressionante. Pelos meus registros, diria que o valor atual é mais que o dobro da quantidade que tínhamos no início de 2022. O número de empresas que decidiram investir em suas redes de carregamentos ou novas parcerias salta aos olhos nas notícias.

Cada vez mais vemos regiões que não tinham nenhum carregador no início deste ano se tornando rotas estratégicas para ligar grandes centros urbanos e possibilitando as viagens mais longas com veículos elétricos.

O ponto é que vivemos em um país de dimensões continentais. Moramos em cidades com índices populacionais tão grande quanto de países inteiros. Não há como dizer que uma eletrovia instalada em uma grande rodovia irá atender todo o estado ou que a instalação de dezenas de carregadores em determinada região da cidade serão suficientes para atender toda uma metrópole.

Eu vejo números de carregadores crescendo; novas cidades e rodovias recebendo estações; números de usuários aumentando; empresas ampliando suas frotas elétricas e instalando seus próprios equipamentos nos Centros de Distribuição.

Os usuários veem de outra forma. Eles veem qual a distância do carregador mais próximo, quantos carregadores eles conseguiriam usar no seu dia a dia ou durante uma viagem. É fato que se você vive fora dos grandes centros urbanos ou eixos, o crescimento não é tão rápido assim.

Façamos a seguinte reflexão: Recentemente foram instalados novos carregadores na Fernão Dias (Perdões e São Gonçalo do Sapucaí) que permitirão viagens muito mais tranquilas entre São Paulo e Belo Horizonte. Todavia, uma pessoa que mora ou deseja visitar uma pequena cidade que precise usar uma rodovia estadual e percorrer mais algumas centenas de quilômetros, os carregadores rápidos ainda não serão suficientes para concluir sua viagem.

Algumas concessionárias da Audi receberam carregadores de 150 kW, inclusive uma concessionária em Teresina/PI. Celebremos o primeiro carregador DC do Piauí, uma evolução muito grande para quem está na capital, mas de nada adiantou para quem mora em Cajueiro da Praia.

Outro exemplo que ouço muito de motoristas de App que moram na Zona Leste de São Paulo é que não tem opção de locais para carregar. Parece estranho imaginar que na cidade que concentra boa parte dos carregadores de todo o Brasil tenham áreas sem opção. Basta olhar no mapa para observar que o carregador mais próximo da região de Itaquera está próximo do aeroporto de Guarulhos.

Não digo que estamos mal. A minha intenção é trazer uma reflexão que não existe um modelo único de como lidarmos com a expansão da rede de carregamento. Claro que se você precisa decidir onde investir, procurará envidar seus esforços na região que apresente maior potencial de abranger grande volume de usuários.

Entretanto, seguindo a receita de fazer mais com menos, continuaremos investindo em “ilhas de mobilidade elétrica” e em “eixos de conexão”. É necessário que sejam salpicados alguns pontos em torno das ilhas e eixos.

O governo norueguês determinou metas de instalações de pontos públicos conforme cada região. Algo entre um carregador para cada 14 veículos elétricos nas áreas urbanas e 1 um carregador para cada 24 veículos elétricos para as áreas rurais. Seria um modelo interessante para seguir.

A questão é: quem investiria em áreas com pouco ou nenhum carro elétrico na região? Bem, isso é ponto complexo de se discutir, mas um grande impulsionador seria através das administradoras e concessionárias de rodovias com pontos de carregamento em suas bases operacionais e serviços de atendimento ao usuário. Já vemos vários exemplos de sucesso, como a Rota do Oeste na BR 163, em Mato Grosso e a Eco 50 na BR 050, nos estados de Minas Gerais e Goiás.

Algumas prefeituras também estão instalando pontos de carregamento em áreas públicas e prédios administrativos. Dessa forma, pequenas ações acabam se somando e criando um grande movimento de incentivo aos demais entes. Como diria o Profeta Gentileza, “Gentileza gera Gentileza”.

Existe uma pequena sabedoria popular que diz que você pode ver o copo meio cheio ou meio vazio. Eu vejo um copo pela metade. Só estarei satisfeito quando o copo estiver cheio, nem que precise encher gota a gota. Vai demorar? Vai, mas podemos juntar forças para encher mais rápido de forma distribuída.

Enquanto não espalharmos para longe das rotas mais comuns, sempre haverá pessoas que defenderão “o carro elétrico que não precisa de tomada” ou que dirão que o Brasil é o país do etanol.

Então, meu caro leitor, o carro elétrico é possível para todos da mesma forma que o sol nasce para todos. Só precisamos nos estruturar de uma forma mais democrática e abrangente.

Até mais!

Fonte: IG CARROS

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