O Federal Reserve (FED), equivalente ao Banco Central dos Estados Unidos, reajustou nesta quarta-feira (21) a taxa básica de juros da economia americana em 0,75 ponto percentual e subiu a cobrança de 2,5% para 3,25%. Essa é maior taxa praticada pelo FED desde dezembro de 2018.
A decisão acontece em meio às incertezas inflacionárias que atingem os Estados Unidos nos últimos meses. A inflação ao consumidor, por exemplo, fechou entre julho e agosto com alta de 0,1%. Embora o número seja pequeno, ele estava fora das projeções do mercado financeiro, que esperava um recuo de 0,1%.
“Após a surpresa negativa com a inflação ao consumidor em agosto os mercados sofreram forte correção na semana passada à luz da percepção de que serão necessários mais juros para controlar a inflação que assombra a maior economia do mundo. A despeito da magnitude da decisão, sabe-se que a postura dos dirigentes do Fed está inclinada para a estratégia ‘higher for longer’, ou seja, mais juros por mais tempo”, afirma Antonio van Moorsel, chefe do Advisory da Acqua Vero Investimentos.
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O presidente do FED, Jerome Powell, deve explicar a decisão em coletiva de imprensa nas próximas horas. Para o mercado, os juros devem continuar subindo nos EUA para não desestabilizar a economia. A previsão é que a taxa ultrapasse os 4% ao ano.
“O FED não deve mudar o ritmo de altas sucessivas de 75 pontos para não desestabilizar a economia, promovendo um período prolongado de altas das taxas até a economia dar sinais de desaceleração”, ressalta João Beck, economista da BRA.
O aumento da taxa básica de juros reduz a aceleração econômica do país e é visto como alternativa para segurar os índices inflacionários. Especialistas alertam que a situação é histórica nos Estados Unidos e ressaltam a possibilidade de maior recessão até o começo do próximo ano.
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“Analisando as taxas de emissão dos títulos do tesouro americano hoje podemos perceber que as taxas dos títulos mais curtos estão bem maiores do que aquelas dos títulos mais longos, e normalmente isso indica uma possível recessão mais forte pela frente”, explica o especialista em finanças, Leandro Vasconcellos.
A próxima reunião do FED está marcada para o próximo dia 2 de novembro. A expectativa é de manutenção da alta também em 0,75 ponto percentual.
Impacto no Brasil
A decisão do FED desta quarta-feira não deve impactar a decisão do Comitê de Políticas Monetárias (Copom) do Banco Central, que deve manter a taxa Selic em 13,75%. Entretanto, a recessão da economia americana deve impactar os preços no Brasil.
“A alta de juros acaba por afetar os preços globais, principalmente soja e petróleo. A mudança ajuda a reduzir o consumo e acaba segurando os preços, que ajuda a frear a inflação um pouco da energia e alimento no Brasil”, explica Rafael Marques, economista e CEO da Philos Invest.
O BC deve manter os juros em alta mesmo com a recuperação econômica apresentada nos últimos meses. Em julho e agosto, o país apresentou deflação, mas ainda há incertezas sobre a situação econômica do país nos próximos meses.
Fonte: IG ECONOMIA