Mato Grosso,

sexta-feira, 20

de

setembro

de

2024
No menu items!


 

InícioVariedades"Meu único amor", diz viúva sobre Cássia Eller

“Meu único amor”, diz viúva sobre Cássia Eller


source
Viúva de Cássia Eller com Chico Chico, filho da cantora
Divulgação/Tati Baumworcel

Viúva de Cássia Eller com Chico Chico, filho da cantora

Este ano, Maria Eugenia Vieira Martins vai passar o Natal com a irmã, em Brasília — justo onde estava quando Cássia Eller morreu, em 2001 —, mas volta ao Rio antes do dia 29. Ela garante, porém, que não será por qualquer razão relativa à lembrança dos 20 anos da perda inesperada do seu grande amor.

“Saudade da Cássia tem todo dia, não só no 29. Nem eu nem o Chico costumamos fazer cerimônia ou rituais nesse dia. Tenho meu altarzinho, mas minha relação com isso [a religião] é algo muito pessoal, que não passa por igreja. O Francisco nem batizado foi”, conta Eugenia que, hoje, aos 60 anos, se divide entre os cuidados com a obra da cantora e o trabalho na área de segurança e eficácia de alimentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Quais são suas lembranças do 29 de dezembro de 2001?

Lembro de uma sensação de medo muito grande, e de uma certa dificuldade de lidar com o Francisco naquele momento. A minha dor era enorme, e eu ainda via a dor no olhar daquela criança. Hoje estou muito feliz com o Chicão, ele está bem, realizado, levando a vida profissional do jeito dele. Acho que ele foi muito inteligente nas escolhas que fez. Mas o trabalho com filho não acaba, o Francisco vai ser sempre uma criança para mim. Ele ainda vem aqui quando fica doente, ele quer aquele chamego.

Há cerca de cinco anos que o Chico não mora mais com você. Como foi a despedida?

Foi difícil, eu não acreditava muito nessa história de ninho vazio. A gente passa a vida cuidando de alguém e aí, de repente, percebe que tem é que cuidar de si mesma. Lembro que no dia em que ele foi, eu estava tentando fingir que ia ser ótimo para todo mundo. A gente fez um almoço de despedida e ele começou a cantar aquela música “Mãe”. E aí toda aquela elegância que eu estava tentando manter foi embora. Eu vim chorando para a sala e o abracei. Agora estou melhor, mas fiquei bem abalada com isso.

Você chegou a temer que ele passasse pelas mesmas dificuldades que a mãe passou no começo da carreira?

Por mim, o Chico seria um excelente professor de Geografia, com uma vida mais tranquila, mas não sou eu que faço a escolha. Sempre dava aquele medinho. Hoje, quando vou aos shows dele, me sinto como me sentia nos shows da Cássia. Tem toda a apreensão, eu fico vendo se o público está gostando, se está cheio, se ele errou a letra… Eu não consigo muito me divertir, exatamente como era com ela. Não tem sossego, não.

Leia Também

A sua luta para ter a guarda do Francisco marcou época e abriu precedentes no Brasil para os então denominados LGBT. Acha que hoje seria mais fácil?

Acho que hoje eu teria uma dificuldade maior. A questão da guarda foi que eu entrei e o avô dele, que era militar reformado, também entrou. Naquela época, eu tive muito apoio da opinião pública, a caixa do supermercado falava que o Chicão tinha que ficar comigo… Havia uma energia muito boa. Hoje, a gente está num momento diferente, talvez a questão do avô militar pesasse um pouco mais. Na época, eu fiz o que precisava fazer para ganhar a guarda, e para mim era mais conveniente trazer a questão da família, da relação afetiva de mãe, do que essa questão [a dos LGBT]. Admito isso, naquele momento eu fui até orientada a deixar a discussão em banho-maria. Hoje, que tudo já passou, estou mais engajada e acho que a gente foi um exemplo que abriu portas.

Você conheceu Cássia nos anos 1980, em Brasília. Como foi a aproximação de vocês?

Muito antes de a gente se conhecer pessoalmente eu tinha visto um número só dela num show do Oswaldo Montenegro e aquilo me impressionou muito, a potência da voz daquela menina. Lembro de momentos em que a gente estava no Beirute, que era o bar da moda, de ver ela passar… A presença dela sempre me chamou a atenção. E a gente se conheceu mesmo através de um amigo em comum, na casa dela e de uma namorada. A antena já tinha sintonizado. A Cássia era muito tímida, eu achava que ela não ia muito com a minha cara. Eu chegava, ela calava, saía… Eu achava estranho, mas depois, quando a conheci melhor eu percebi que era mais a questão da timidez. E, quando aconteceu, foi fulminante.

A Cássia foi o seu primeiro amor por uma mulher?

Não foi o primeiro… Mas, de uma certa forma, foi o único. Eu era casada com um rapaz e, no meio desse casamento que ia muito bem, eu conheci uma menina e me apaixonei. O casamento terminou justamente por isso. A coisa com essa menina não foi para a frente e um ano depois eu conheci a Cássia.

Então você nunca mais teve um outro amor depois da Cássia?

Quando tudo se acalmou e a vida ficou mais estável, eu caí numa depressão profunda e fui viver o luto que não havia vivido. E o tempo foi passando. Cheguei aos 50, e as relações começam a ficar complicadas para a mulher nessa idade. Confesso que nunca estive muito aberta e não aconteceu. A vida inteira eu cuidei de alguém: da Cássia, do Chico… Hoje, eu estou me deparando com a questão de cuidar de mim. É difícil.

Fonte: IG GENTE

Últimas notícias