Mato Grosso,

sexta-feira, 20

de

setembro

de

2024
No menu items!


 

InícioAcontecimentosMais uma criança Yanomami com sintoma de malária morre sem atendimento, diz...

Mais uma criança Yanomami com sintoma de malária morre sem atendimento, diz Conselho de Saúde

Cenário MT

Mais uma criança Yanomami morreu neste sábado (20) na Terra Indígena Yanomami. A vítima tinha sintomas de malária, desnutrição e pneumonia, conforme relato do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (Condisi-YY).

O óbito foi em Xaruna, mesma comunidade onde há três dias uma outra criança, de 3 anos, também morreu. Nos dois casos, o Condisi-YY afirma que não houve atendimento por parte do Distrito Sanitário Yanomami (Dsei-Y), órgão que responde à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), ligada ao Ministério da Saúde.

Procurada, a assessoria do Ministério da Saúde informou que apura o caso.

“Recebi a informação sobre a criança às 11h55. Os próprios Yanomami da comunidade Xaruna me informaram que tinha falecido mais uma criança, mas não fui informado se é masculino ou feminino, e nem a idade”, disse o presidente do Condisi-YY, Júnior Hekurari Yanomami.

Além da morte deste sábado, o presidente do Conselho informou que há uma criança, de 2 anos, em estado grave aguardando por atendimento em Macuxi Yano, comunidade também localizada na Terra Yanomami. A menina é uma das crianças que apareceu na reportagem do Fantástico no último domingo (14).

Receba as informações do ATUALMT através do WhatsApp:
Clique aqui para receber as notícias no seu WhatsApp.

No dia da visita da reportagem do Fantástico, a criança, que é da comunidade Macuxi Yano, já estava bastante debilitada e foi levada pela mãe para Xaruna em busca de atendimento, o que não ocorreu até este sábado.

Segundo Júnior Hekurari, ao saber da situação da criança, ele solicitou e o Dsei-Yanomami autorizou que ela fosse removida de Xaruna para o posto de Surucucu, referência na região por ser a maior unidade de atendimento dentro da terra indígena, mas que se resume a um barracão de madeira de chão batido e com estrutura precária.

“Ligaram pra mim por videochamada dizendo que essa criança está muito ruim, com desnutrição, suspeita de malária e estão solicitando urgentemente uma equipe médica ou remoção. A própria mãe da criança pegou um telefone emprestado e fez essa chamada de vídeo pedindo socorro”, explicou.

O presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana acredita que, após ser avaliada em Surucucu, a criança deve ser removida para Boa Vista. “O helicóptero vai levar para o Surucucu, onde a equipe vai avaliar ela e aí com certeza vão remover a criança para Boa Vista e vai ter outro pedido de autorização para remoção”, explicou.

Xaruna fica às margens do Rio Parima e é vizinha a um a garimpo ilegal, onde os invasores tem internet e, muitas vezes, a quem os Yanomami recorrem para pedir socorro. A comunidade é originalmente atendida pelo posto Parima, mas, não há combustível para o deslocamento das equipes.

“Me informaram que tem muitas crianças doentes lá [Xaruna] e essas crianças estão sem atendimento desde o início desse mês. A equipe médica que está em Parima está sem combustível para se deslocar até a comunidade”, relata o presidente do Condisi-YY. A falta de combustível foi o mesmo motivo relatado para a falta de atendimento no caso do menino que morreu há três dias.

Ainda não se sabe a idade e o sexo da criança que morreu neste sábado (20). Júnior disse que o Condisi-YY tenta um voo para a comunidade Xaruna para obter mais detalhes do caso, mas ainda não recebeu uma reposta por parte do Distrito Sanitário Yanomami (Dsei-Y) sobre a viagem.

A criança é a quarta a morrer por malária e o sexto caso em três meses na Terra Indígena Yanomami. Em setembro, duas crianças indígenas — uma delas tendo seis meses de idade — morreram também na comunidade de Xaruna. No dia 4 de novembro, uma adolescente indígena, de 17 anos, morreu na comunidade Yaritopi, que estava em estado grave de malária falciparum. Em 1º de outubro, um pajé da comunidade Makuxi Yano, de 50 anos, morreu sem atendimento.

Últimas notícias