A produção industrial recuou 1,3% em julho. É o segundo resultado negativo consecutivo, acumulando com o mês anterior perda de 1,5%, após alta de 1,2% em maio. Com a queda de julho, a produção industrial ficou 2,1% abaixo do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020.
Em relação a julho de 2020, houve avanço de 1,2%, sendo a 11ª taxa positiva consecutiva nessa comparação. No ano, o setor registra alta de 11% e, em 12 meses, de 7%. Os números são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada ontem (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para o gerente da pesquisa, André Macedo, em linhas gerais, o comportamento de julho não é muito diferente do que já vem sendo observado ao longo do ano. Dos sete meses, houve queda em cinco. Macedo acrescentou que o resultado continua relacionado aos efeitos da pandemia da covid-19.
Segundo o gerente, em janeiro de 2021, a produção industrial chegou a ficar 3,5% acima do patamar pré-pandemia, mas depois desse mês, ainda no início do ano, houve fechamento e restrições sanitárias maiores em determinadas localidades que afetaram o processo de produção.
“Com o avanço da vacinação e a flexibilização das restrições, a produção industrial agora sente os efeitos do encarecimento do custo e do desarranjo de toda cadeia produtiva”, afirmou.
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A pesquisa mostrou também que a demanda doméstica provocou efeitos no resultado. A queda de 10,2% do setor de bebidas, foi uma das influências negativas mais importantes da produção industrial de julho. O recuo deste setor no mês, interrompeu três meses de altas consecutivas, quando acumulou 11,7%. O setor de produtos alimentícios registrou retração de 1,8% e foi mais um que pressionou o resultado. Esta foi a segunda queda seguida, acumulando perda de 3,8%.
“Há dificuldade das pessoas em obter emprego, com um contingente importante fora do mercado de trabalho, a precarização do emprego e a retração na massa de rendimento, como mostrou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada na terça-feira (31) pelo IBGE”, disse o gerente.
Macedo destacou ainda a contribuição do processo inflacionário que vem diminuindo a renda das famílias e o consumo no dia a dia, comprovado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado no dia 10 de agosto pelo IBGE. “O resultado da indústria está no escopo dos resultados de renda, emprego e inflação mostrado pelas demais pesquisas”, completou.
O resultado sofreu impactos negativos importantes dos setores de veículos automotores, reboques e carrocerias (-2,8%), de máquinas e equipamentos (-4,0%), de outros equipamentos de transporte (-15,6%) e de indústrias extrativas (-1,2%). No sentido contrário, entre as sete atividades com crescimento na produção, coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis registraram alta de 2,8%, provocando o principal impacto positivo. Esse é o terceiro mês seguido de elevação com acumulado de 10,2% de alta no período.
Categorias
A retração de julho atingiu duas das quatro grandes categorias econômicas e 19 dos 26 ramos pesquisados. Bens de consumo duráveis registrou queda de 2,7%, sendo o sétimo mês seguido de recuo, acumulando perda de 23,4% no período.
Além disso, bens intermediários caíram 0,6%, somando queda de 3,2% em quatro meses consecutivos. Já os setores de bens de capital (0,3%) e de bens de consumo semi e não-duráveis (0,2%) tiveram resultados positivos. No primeiro setor, foi a quarta expansão seguida acumulando alta de 5,9% no período; já o segundo setor devolveu pequena parte do recuo de 1,7% em junho.
Comparação
Em relação a julho de 2020, a produção industrial aumentou 1,2%, com resultados positivos em duas das quatro grandes categorias econômicas, 14 dos 26 ramos, 46 dos 79 grupos e 54,4% dos 805 produtos pesquisados.
O IBGE destacou que julho de 2021 teve um dia útil a menos que o mesmo mês em 2020. Foram 22 contra 23. As principais influências positivas entre as atividades foram veículos automotores, reboques e carrocerias (21,2%), metalurgia (24,8%) e máquinas e equipamentos (26,2%).
Nas doze atividades que recuaram, a influência negativa mais intensa ficou por conta de produtos alimentícios (-10,3%). “Entre as contribuições negativas, destacam-se os ramos de bebidas (-15,2%), de indústrias extrativas (-2,7%), de móveis (-14,4%), de perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (-9,8%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-7,1%) e de máquinas, aparelhos e materiais” indicou a pesquisa.
Na visão do gerente, em grande medida, essas taxas se devem à baixa base de comparação, uma vez que a produção industrial foi muito afetada em 2020 pelo isolamento social para conter a pandemia de covid-19 e atingiu patamares negativos históricos.