O reajuste mediano dos salários obtidos nas negociações salariais em julho ficou 1,6 pontos percentuais (pp) abaixo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acumulado dos últimos 12 meses que foi de 9,2%. De acordo com o boletim mensal da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), Salariômetro – Mercado de Trabalho e Negociações Coletivas, isso significa que a inflação continua comprimindo os reajustes.
“No mês de julho o índice foi o mais baixo de todos, por isso, dizemos que o mês foi o mais cruel”, disse o professor sênior da Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do projeto Salariômetro, Helio Zylberstajn.
Segundo o boletim, somente 27,5% das negociações resultaram em ganhos reais, acima do INPC. Já a proporção de reajustes abaixo do INPC foi de 59,3%, enquanto as negociações em que se obtiveram aumentos iguais ao índice foi de 13,2%. “Isso ocorreu porque a inflação está muito alta, e as empresas não conseguem acompanhar. Se a empresa aumentar muito o salário dos funcionários, corre o risco de quebrar. Os trabalhadores acabam aceitando porque é melhor ter um reajuste pequeno e ter emprego do que a empresa mandar embora”, afirmou.
No setor do comércio atacadista e varejista, houve 66 negociações no mês passado, com sucesso em 9,5%. Já os bancos e serviços financeiros negociaram sete vezes e obtiveram resultado positivo em 9,2%. Os setores de construção civil, com 13 negociações, e o de indústrias de alimentos, com o mesmo número, atingiram respectivamente 7,4% e 6,5%, taxa abaixo do índice mediano do país, que foi de 7,6%.
Os estados com mais sucesso nas negociações foram o Rio Grande do Sul (9,5% de sucesso em 47 negociações); Santa Catarina (9,5% em 19), Paraná (9,2% em 9); e São Paulo (8% em 32).
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Segundo o Salariômetro, a inflação projetada para os próximos meses não será propícia à obtenção de ganhos reais para os trabalhadores nas negociações salariais. “A previsão é que os trabalhadores continuem sem ganhos reais por um longo tempo. Para essa realidade começar a mudar, o país precisa voltar a crescer e reduzir a inflação. A perspectiva no mercado de trabalho está muito preocupante”, destacou o boletim.
Edição: Nádia Franco