Artigo reproduzido originalmente pelo jornal O Globo, na edição desta terça-feira (10.08)
Há muitas décadas a ampliação da malha ferroviária de Mato Grosso é uma pauta frequente na política de Mato Grosso. O sonho da ferrovia, muito falado, recebeu nas últimas semanas um passo significativo para se tornar realidade.
Em uma iniciativa pioneira e histórica, lançamos o edital para a construção da 1ª Ferrovia Estadual de Mato Grosso, que vai interligar a capital Cuiabá a Rondonópolis, bem como Rondonópolis com Nova Mutum e Lucas do Rio Verde, que são importantes polos de produção, além de se conectar com a malha ferroviária nacional.
O ganho em competitividade que a ferrovia vai trazer não se resume ao agronegócio. Ela é, principalmente, a ferrovia do desenvolvimento e do emprego. De acordo com o levantamento feito pelo Governo do Estado, com base na metodologia do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), a previsão é que a construção da ferrovia gere um total de 235 mil empregos, entre diretos, indiretos, temporários e os gerados pelo efeito-renda, por conta do desenvolvimento econômico que a obra vai trazer.
Essa também é a ferrovia da indústria e do comércio, pois vai ligar por uma via de mão dupla Mato Grosso com os principais mercados consumidores do país.
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Por ela, poderão ser transportados produtos como etanol de milho, carne, açúcar, fertilizantes, combustíveis, algodão, frango congelado, carne bovina, bebidas, produtos de limpeza, móveis, óleo de soja, milho de pipoca, entre muitos outros. E com uma opção mais barata de transporte, uma vez que o frete ferroviário barateou mais de 35% nos últimos cinco anos.
Além disso, a ferrovia estadual vai levar Mato Grosso para o lugar de destaque que o estado merece no agronegócio, pois somos o maior produtor nacional de soja, de milho, de algodão e de etanol de milho, bem como das commodities agrícolas em geral. E é preciso que nossa logística esteja à altura de nossa potencialidade.
Temos feito grande esforço para alavancar esse gargalo na malha rodoviária, com mais de 825 km de asfalto novo já entregues, bem como mais de 850 km de estradas restauradas e milhares de pontes de pequeno, médio e grande porte em processo de construção. A previsão é de entrega de 2500 km de asfalto novo até o final de 2022.
De igual maneira, desde o início da gestão, em 2019, temos articulado – com apoio da base na Assembleia Legislativa e na bancada federal – para avançar na expansão da malha ferroviária, de forma a ampliar as alternativas de escoamento da produção de Mato Grosso, cuja estimativa é de chegar, em 2030, a 120 milhões de toneladas de grãos por ano.
Mesmo sem a logística adequada, Mato Grosso conseguiu se transformar em um dos maiores players mundiais do agronegócio. Com a chegada da ferrovia, sem dúvidas o estado vai despontar ainda mais!
A ferrovia estadual terá 700 km de extensão, que serão construídos pela empresa que vencer o edital. Definimos o modelo privado de exploração, pois nesse formato o Estado faz a chamada pública e as empresas se habilitam a participar de seleção para fazer os investimentos, por sua conta e risco. É um modelo que não onera o Estado e é atrativo para a iniciativa privada, ou seja, todos saem ganhando. Somente na construção do modal, a empresa vencedora deve aplicar cerca de R$ 12 bilhões.
A ferrovia é um projeto de médio prazo e deve ser finalizada em 2028. Mas seus efeitos positivos serão sentidos desde já, com a atração de investimentos, geração de empregos, crescimento da economia, qualificação, desenvolvimento dos municípios e mais qualidade de vida aos mato-grossenses.
Mauro Mendes é governador do Estado de Mato Grosso.