O Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro deu início hoje (18) à série Depoimentos Cariocas. Mensalmente, uma entrevista com uma figura importante do jornalismo, urbanismo, cinema, da cultura, educação, música ou literatura será publicada na página do órgão no YouTube.
De acordo com a presidente do Arquivo Geral da Cidade, Rosa Maria Araujo, a série quer destacar pessoas notáveis que moram no Rio e que produziram conteúdo sobre a cidade – sem necessariamente terem nascido na capital fluminense. “Escreveram livros, peças de teatro, músicas, filmes sobre a cidade.”
No programa de estreia, a série traz o depoimento do jornalista, escritor e imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) Zuenir Ventura.
“Ele completa 90 anos de uma forma muito ativa, com compromisso político, com uma visão do Brasil, com engajamento sobre todas as questões contemporâneas do mundo, como meio ambiente, Amazônia, denunciando o que está de ruim no Brasil e pregando a união das correntes progressistas no país”, afirmou Rosa Maria.
Zuenir Ventura fará 90 anos no próximo dia 1º de junho e, segundo Rosa Maria, era desejo do prefeito Eduardo Paes homenageá-lo.
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O jornalista tem livros que a presidente do Arquivo Geral qualificou como “memoráveis”. Ela citou como exemplo Cidade Partida, obra na qual ele mostra como o Rio glamouroso abriga também uma cidade de desvalidos; e 1968, o Ano Que Não Terminou, em que conta o período da ditadura militar, no qual foi preso.
Seu livro Minhas histórias dos outros, publicado em 2005 e agora relançado em uma versão revisada e ampliada, serviu de guia para participação do jornalista na série Depoimentos Cariocas. O depoimento foi dado ao coordenador de promoção cultural do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, Pedro Paulo Malta.
Zuenir Ventura nasceu em Além Paraíba (MG) e foi criado entre Ponte Nova (MG) e Nova Friburgo (RJ), tornando-se um dos grandes especialistas na história do Rio de Janeiro, onde reside. De família pobre, Ventura conta que ajudava o pai, pintor de paredes, quando chegou na capital fluminense.
Já universitário, ele foi trabalhar no arquivo de um jornal, para fazer recortes de matérias. Em 1960, quando um desastre de automóvel matou o escritor francês existencialista Albert Camus, Prêmio Nobel de Literatura em 1957, o chefe da redação precisou de alguém que conhecesse a história e a literatura de Camus para fazer o obituário. A tarefa acabou sendo dada a Ventura que tinha Camus como seu autor preferido. Depois desse episódio, Zuenir Ventura acabou contratado para trabalhar no jornal como repórter.
Outros depoimentos
Para este ano, o projeto exibirá depoimentos de oito personalidades, gravados em vídeo e a distância. A partir de 2022, a expectativa é que as entrevistas possam ser feitas ao vivo, no auditório do Arquivo Geral, e transmitidas mensalmente, totalizando12 depoimentos.
Para as próximas edições do Depoimentos Cariocas já estão confirmadas as participações do antropólogo Roberto DaMatta, 84 anos, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC Rio); da professora Terezinha Saraiva, 95 anos; do jornalista e escritor Ruy Castro; do sambista Nei Lopes, 79 anos; do jornalista, pesquisador e crítico musical João Máximo, 85 anos.
Entre as entrevistas que Rosa Maria pretende conseguir, ainda este ano, está a da atriz Fernanda Montenegro, 91 anos.
Edição: Lílian Beraldo