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‘Fiquei vendo costurarem os ferimentos. Chorava, orava e agradecia por ele estar vivo, diz mãe de sobrevivente

Em entrevista à CRESCER, Adriana Martins, mãe do Henryque, 1 ano e 8 meses — um dos sobreviventes ao ataque a creche em Saudades, Santa Catarina — relembrou o momento em que recebeu a notícia e viu o filho ferido: “Ele está vivo e é um milagre”

Repórter MT

CRESCER

Ela também relembrou como foi a manhã da última terça-feira (4):

“Estava na firma em que trabalho, uma empresa de confecção, quando chamaram todos os funcionários e falaram que quem tinha filhos na creche era para buscar, pois havia acontecido algo muito grave. Fui correndo até lá e encontrei meu marido saindo da creche, dizendo que nosso filho estava no hospital. Ele contou que um louco entrou na creche com um facão atacando todos. Fiquei desesperada! Ele pediu para eu me acalmar e fomos até o hospital. Quando chegamos, eles estavam fechando os ferimentos do Henryque e ele chorava muito. Muitas pessoas vieram nos acalmar e lembro de uma amiga dizer: ‘Agradece a Deus. Ele está vivo e é um milagre. Ele estava na linha de frente e Deus cuidou dele’. Mas ouvir o choro dele e não poder pegá-lo, acalmá-lo e estar junto dele foi muito difícil. Fiquei só vendo costurarem os ferimentos. Sem palavras para expressar o que eu senti. Eu chorava, orava e agradecia a Deus por ele estar vivo. Henryque teve um corte perto do olho que atingiu até o osso da face, cortes nos lábios e gengivas, outro perto do pescoço, que atingiu o pulmão, na barriga e mais alguns superficiais. Apesar de tudo, em nenhum momento, eu pensei que iria perde-lo. Confiei muito em Deus! Sabia que Deus estava junto dele, pois ele já era um milagre apenas por estar vivo com tantos cortes.”

Adriana também lamentou pelas cinco vítimas fatais do ataque — uma professora, uma agente educativa e três bebês. “Sinto muito pelas famílias que perderam seus entes queridos. Não tenho palavras pra dizer o que sinto. Agradeço a Deus por ter o Henryque nos meus braços, mas me coloco no lugar das outras pessoas. Isso é triste demais”, finalizou. Segundo ela, ainda não se sabe se Henryque ficará com alguma sequela dos cortes e ainda não há previsão de alta do hospital.

SOBRE O ATAQUE

O ataque aconteceu por volta das 9h30 da manhã, quando o agressor, um jovem de 18 anos, morador do município, chegou em uma bicicleta. A creche Aquarela atendia bebês de 6 meses a 2 anos de idade. Ainda segundo a polícia, cada vítima recebeu, no mínimo, cinco golpes de facões. “As professoras se trancaram dentro da sala para que o agressor não entrasse”, disse a Polícia Civil, em entrevista coletiva. Dois bebês e uma professora morreram no local. Um bebê e uma agente educacional foram socorridos, mas não resistiram aos ferimentos. 

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Ainda segundo Polícia Civil, o jovem era instrospectivo, maltrava animais, jogava jogos online violentos, ficava trancado no quarto e cursava o ensino médio, mas não queria ir para a escola, pois sofria bullying. Após atacar as vítimas, ele tentou cometer suicídio e está internado em estado grave. 

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