O Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro, recebeu hoje (29) mais 12 jabutis-tinga, que foram soltos setor de floresta do parque por meio do projeto Refauna, iniciativa que busca a restauração da fauna e interações ecológicas da Mata Atlântica.
O Refauna é uma parceria do parque com a Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama-RJ) e Instituto Luísa Pinho Sartori.
Os primeiros 28 jabutis foram liberados há um ano na unidade de conservação, permitindo o retorno da espécie eliminada do parque há mais de 200 anos..
O tipo de reinserção na natureza era uma prática ainda inédita com a espécie no país. A soltura dos animais, nesta sexta-feira, fortalece uma população de jabutis-tinga que voltou para seu habitat. A intenção é que possam ajudar a restaurar as interações ecológicas perdidas na Mata Atlântica e fortalecer a biodiversidade do Parque Nacional da Tijuca.
Para o coordenador técnico do Refauna e biólogo da UFRJ, Marcelo Rheingantz, a dinâmica da floresta foi atingida quando os jabutis sumiram do parque. “O retorno é uma chance para a recuperação da dinâmica perdida como, por exemplo, a dispersão de sementes que eles fazem, o controle de espécies exóticas da vegetação com o pisoteio do solo e até mesmo a maneira como são disponibilizados alguns nutrientes da Mata Atlântica pelas suas fezes”, disse.
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A bióloga e coordenadora da reintrodução dos jabutis, Carolina Starling, informou que, antes da soltura, os animais passaram por um período de aclimatação durante um ano. “São animais que vieram de diferentes fontes como, por exemplo, o Centro de Triagem de Animais Silvestres do Ibama, no Rio, e centros de Reabilitação de Animais Silvestres em Minas, São Paulo e Mato Grosso. Em 12 meses, foram feitos exames para detectar doenças e aplicados vermífugos nos jabutis. Os padrões e hábitos de alimentação e comportamento, no cercado onde viviam, também foram acompanhados”, afirmou.
Retransmissores
Os 12 animais liberados hoje, sete fêmeas e cinco machos, receberam radiotransmissores em seus cascos, como já tinha ocorrido com os outros 28 jabutis em 2020. O monitoramento por rádio se baseia em dados georreferenciados e a análise deles mostra por onde os animais andaram ano passado.
Segundo o biólogo Marcelo Rheingantz, os jabutis souberam explorar a floresta. “Alguns caminharam 1,6 km mata adentro a partir de onde foram soltos. Uma parte foi em direção ao Pico da Tijuca e alguns outros foram localizados no caminho para a trilha do Pico Bico do Papagaio. Essa movimentação sugere adaptação ao novo ambiente”, revelou.
Os pesquisadores analisaram ainda a contagem das espécies vivas atualmente, que é considerada como um dado relevante. O levantamento mais recente mostra que a taxa de sobrevivência está em cerca de 80% do total reintroduzido no ano passado. Para os especialistas, esses números são promissores e com o auxílio dos visitantes podem ser mantidos estáveis.
“Orientamos que as pessoas não mexam e nem retirem esses animais caso encontrem com eles no Parque. Não tragam outros jabutis da mesma espécie ou de espécies diferentes para cá e nem tragam cachorros, que podem tentar caçar os jabutis. E nunca alimentem animais silvestres, por mais que pareça solidário.”, alertou Carolina Starling.
Ainda em diferentes fases de implementação estão previstos os reforços populacionais do trinca-ferro e avaliação da viabilidade da reintrodução de iguana e da arara-canindé.
Refauna
O Refauna tem a participação de pesquisadores do Laboratório de Ecologia e Conservação de Populações da Universidade Federal do Rio de Janeiro, do Laboratório de Ecologia e Conservação de Florestas da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e do Laboratório de Ecologia e Manejo de Animais Silvestres do Instituto Federal do Rio de Janeiro, que conta com a parceria do Parque Nacional da Tijuca, do Instituto Conhecer para Conservar/RioZoo, Fundação Oswaldo Cruz, Instituto Estadual do Ambiente e do Centro de Triagem de Animais Silvestres do Ibama, no Rio de Janeiro.
Edição: Maria Claudia