Jonatas Lira Xavier após jovens o obrigarem a beber pinga e filmarem fazendo brincadeiras
A morte do jovem Jonatas Lira Xavier, que tinha 27 anos e sofria de esquizofrenia, ocorrida no dia 11 de agosto deste ano, por coma alcoólico, levou o Ministério Público Estadual (MPE) a denunciar três pessoas que deram bebida e desafiaram o rapaz a ingerir três garrafas de cachaça. Os denunciados são: Augusto Matsubara, de 27 anos, Fabiana Souza Carvalho, de 22 anos e Victor Hugo da Silva Gama, de 26 anos. Eles vão responder, caso a denúncia seja aceita pela Justiça, pelo crime de homicídio.
Também foi solicitado pelo promotor de Justiça, Vinicius Gahyva Martins, que seja uma adolescente que também integrava o grupo, seja alvo de uma investigação pela prática de ato infracional análogo a homicídio. Em relação aos denunciados maiores de idade, o MPE defende que sejam pronunciados para enfrentarem júri popular.
Os denunciados estavam num bar no bairro Alvorada, região da rodoviária de Cuiabá na madrugada do dia 9 consumindo bebida alcoólica quando Jonatas chegou ao local pedindo uma moeda de R$ 1. O grupo, então providenciou bebidas, entregou à vítima fazendo o desafio para que consumisse sozinho três garrafas da cachaça e somente após isso eles dariam algum dinheiro para o rapaz.
Conforme o Ministério Público, foi Victor que comprou a bebida e entregou a Jonatas enquanto os demais integrantes do grupo o desafiaram a beber toda a cachaça enquanto zombavam, tripudiavam da vítima e ainda filmava a ação. O rapaz fazia uso de medicamentos controlados. Após ingerir toda a bebida ele começou a passar mal e não foi socorrido pelos denunciados que saíram do bar sem prestar qualquer auxílio.
Acionado por outras pessoas, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) enviou uma ambulância ao estabelecimento e encaminhou o rapaz ao Hospital e Pronto-Socorro de Cuiabá. Porém, Jonatas morreu no dia seguinte após sofrer três paradas cardíacas. A mãe do rapaz registrou um boletim de ocorrência no dia de agosto e a Polícia Civil passou a investigar o caso, até porque os vídeos já circulavam em grupos de WhatsApp.
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Na denúncia, o promotor Vinicius Gahyva, que atua no afirma que o grupo percebeu a condição da vítima de pessoa com deficiência e, portanto, com a capacidade de autodeterminação reduzida, senão inexistente. Ainda assim os denunciados ofereceram bebida alcoólica e instigaram a rapaz a ingerir para ganhar o dinheiro que havia pedido. Afirma ainda que “a ausência de preocupação com o resultado morte se vê demonstrada especialmente por meio dos registros audiovisuais, em que é possível ouvir as vozes femininas da denunciada Fabiana Souza Carvalho e da adolescente zombando da situação da vítima”.
Conforme o promotor, as imagens também mostram a “ação do denunciando Augusto Matsubara em gravar o iter criminis e fomentar o desafio da ingestão exagerada de bebida alcoólica, bem como do denunciando Victor Hugo da Silva Gama, que ministrou a bebida”. Na peça acusatória, o representante do MPE ainda pede que seja arbitrada uma indenização aos três denunciados a título de danos morais causados à família da vítima.
