Se destacar no mais importante campeonato da modalidade é motivo de orgulho para um atleta. Não é diferente com Damiris Dantas. Única brasileira na WNBA (liga norte-americana de basquete feminino), ela é peça-chave do Minnesota Lynx, que disputa vaga nas semifinais nesta quinta-feira (17), contra o Phoenix Mercury às 20h (horário de Brasília). Não à toa, a ala-pivô, de 27 anos, teve o contrato renovado por mais duas temporadas antes mesmo da atual terminar.
“Aconteceu na semana passada, quando a técnica fez contato com a minha empresária. Fiquei meio surpresa, porque esperava que isso acontecesse só depois da temporada, mas fiquei muito feliz. Nem tive muito o que pensar. Fizemos um acordo e assinei. Sim, isso tira um pouquinho do peso das costas. É aquele pensamento: já estou dentro. Agora é só me preocupar em jogar mais dois anos no time e terminar bem essa temporada”, afirmou a paulista em entrevista coletiva por videoconferência.
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Damiris é uma das únicas três atletas do Lynx que foi titular em todas as partidas da fase de classificação, com média superior a 26 minutos em quadra por duelo. Na atual temporada, ela quebrou o recorde pessoal de pontos em um jogo, assinalando 28 na vitória de 86 a 83 sobre o Chicago Sky, no dia 2 de setembro, com 100% de aproveitamento nas bolas de três pontos. Foi a quinta melhor atuação de um atleta brasileiro, homem ou mulher, no basquete norte-americano.
“A técnica queria isso de mim, que eu jogasse mais, chamasse a responsabilidade, que teria mais jogadas para definir. Isso foi acontecendo e fui me soltando mais”, explicou a ala-pivô, que teve que se adaptar a uma nova função em quadra após a lesão da experiente pivô Sylvia Fowles, tricampeã olímpica pela seleção dos Estados Unidos.
“Quando a Syl se machucou, ficamos sem uma pivô e a técnica falou para mim: é você. É uma posição nova, que joguei faz muito tempo. A Syl faz uma falta grande para o time, dá uma segurança grande. Tive que assimilar a responsabilidade, mas foi uma coisa natural. O time foi me ajudando e os números melhorando. Estou feliz com meu desempenho na temporada regular e espero seguir assim nos playoffs“, disse a paulista, que está na sexta temporada na WNBA.
Damiris busca o primeiro título na liga norte-americana. A ala-pivô foi revelada no instituto da ex-jogadora Janeth, campeã mundial pela seleção brasileira em 1994, e maior jogadora do país na história da WNBA, atuando pelo Houston Comets, com quatro conquistas entre 1997 (na primeira edição do campeonato) e 2000. Em 2001, ela fez parte da equipe ideal da competição.
Mata-mata
A pandemia do novo coronavírus (covid-19) obrigou o calendário da WNBA a ser readequado. Assim como a NBA, que é a liga masculina, o torneio feminino ocorre em uma bolha, com jogadoras e comissões técnicas seguindo protocolos rigorosos de saúde e se enfrentando sem presença de público na IMG Academy, em Bradenton (Flórida). Já o mata-mata segue com o formato adotado desde 2016, com partidas únicas entre os times nas duas primeiras fases. Nas semifinais e na decisão, as equipes se enfrentam em uma melhor de cinco.
O Minnesota Lynx, franquia de Damiris, fez a quarta melhor campanha da etapa classificatória e foi direto à segunda fase, para enfrentar o ganhador de Phoenix Mercury e Washington Mystics, atual campeão. “Escolher adversário não é muito a minha praia, porque na WNBA não tem jogo fácil”, comentou a brasileira na terça-feira (15), horas antes da partida, admitindo preferência pelo formato atual do playoff. “É mais rápido, sem aquela pressão toda. Se perdeu, vai embora. Se ganhou, vai para a outra fase”, resumiu.
Uma cesta da armadora Shey Peddy, a menos de um segundo do fim, decretou a vitória do Mercury por 85 a 84, classificando o time para encarar o Lynx. Será o terceiro duelo entre as equipes na temporada. Em 21 de agosto, o time de Damiris venceu por 90 a 80, com a brasileira marcando 19 pontos, com três assistências e seis rebotes. Nove dias depois, a franquia de Phoenix deu o troco e fez 83 a 79, com a paulista anotando nove pontos na partida.
Quem avançar no confronto entre Lynx e Mercury enfrenta, em uma das semifinais, o Las Vegas Aces, time de melhor campanha na fase regular, com 18 vitórias e quatro derrotas.
Edição: Fábio Lisboa