Ele é jovem, bonito, educado e fala muito bem, mas nem isso foi capaz de impedir que o pré- candidato a vereador por São Paulo, Pedro Melo, fosse poupado de um crime. Pedro teve nudes e vídeos pessoais vazados nas redes sociais e grupos de Whatsapp. A coluna recebeu o material e não vai postar por motivos óbvios.
Esta jornalista conseguiu falar em primeira mão com o rapaz e não pegou leve. Mesmo diante de perguntas fortes e contundentes, Pedro não fugiu das perguntas e se mostrou aberto ao diálogo e decepcionado ao saber que foi um gay, classe que ele luta e quer dar cada vez mais voz, que vazou o material íntimo. veja a entrevista completa:
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Você é pré candidato a vereador e seus nudes e vídeos foram vazados. Acha que isso pode atrapalhar?
Não acho que isso pode me atrapalhar na campanha. Esse material que vazou, eu já tinha conhecimento. Aconteceu em 2016. Na época eu era solteiro e eu sei exatamente para quem eu mandei. Isso acabou na época viralizando. Isso aconteceu algumas vezes: em 2016, 2017 e acho que em 2018 também. Eu imaginei que isso poderia acontecer.
Infelizmente, aconteceu, para mim, de forma imprevista porque a repercussão foi imediata e muito grande. Nesse sentindo, isso me assustou. Eu sou um candidato gay, não sou moralista, não sou religioso e acho importante é naturalizar o que acontece. Foi um momento íntimo e faz parte de algo que aconteceu intimamente.O que eu repudio é que fizeram isso na tentativa de me intimidar e de me resumir a isso e eu não admito.
Sou um candidato preparado, tenho boas propostas, tenho um ideal e capacidade de fazer um bom mandato, caso eu seja eleito. Resumir o debate é o que acho grave e o que me revolta. Já entrei em contato com a minha advogada e na segunda-feira (18) nós já entramos com uma representação criminal contra dois perfis do Twitter que divulgaram. Seguimos procurando diminuir ao máximo essas atitudes nesses últimos dias.
Você traumatizou ou continua mandando nudes?
Não, não. Muito pelo contrário. Não faço mais isso e hoje em dia eu tenho um relacionamento. Tenho um namorado. Isso serviu para que eu não fizesse mais. Isso não faz parte da minha vida nem da minha realidade.
Qual sua proposta como futuro candidato a vereador?
Eu tenho algumas propostas, temos algumas bandeiras e as principais são as causas LGBT, urbanismo, economia e cultura. Quero falar sobre essas quatro pautas na minha candidatura.
Devo te assumir que quem mandou o seu material vazado foi um amigo gay, dizendo que você era um cara gente boa, mas que por várias atitudes deselegantes do seu namorado (o apresentador da GNT Carlos Carvalho) iria repassar. Você acha que os próprios gays se sabotam quando tentam humilhar o outro espalhando esse tipo se material? Falta união?
Eu acho isso contraproducente e acho realmente uma tristeza alguns gays desprestigiaram outros gays. Eu acho que isso enfraquece o movimento LGBT, enfraquece as nossas lutas, as nossas pautas e acho que nos precisamos nos unir. Precisamos prestigiar as pessoas que lutam pela comunidade e possuem bons ideais e boas propostas. Fico chateado e acho que não deveríamos nos comportar dessa maneira.
Andei olhando o seu feed e, apesar de você falar de minorias, só vi um único negro nele e estava numa foto bem pequena sobre uma live que você fez. E olha que busquei até outubro do ano passado. Não existem gays, lésbicas e trans pretas no seu “mundo”? Pode-se dizer que você será um candidato voltado para minorias brancas?
Não me considero. Muito pelo contrário! Inclusive, repudio esse tipo de comparação. Acho que toda luta é válida e faço parte de uma minoria que é LGBT. Eu sou gay, sofri preconceito, sofro. Sofri bulying quando era pequeno e sofro preconceito dentro da minha própria família.
Reconheço que sou privilegiado socialmente, mas isso não diminui a minha luta nem o meu espaço no movimento LGBT. Acho que toda luta é válida e temos que prestigiar todo mundo que luta pela causa. Com relação a representar uma minoria, eu discordo do que você disse e acho que o movimento LGBT é muito amplo.
Pensando justamente nisso, a nossa equipe é diversa. Temos pessoas trans, pessoas negras, pessoas periféricas porque eu entendo que não tenho capacidade de propor alguma coisa do universo que eu não faço parte. Pensando nisso, a gente formou a nossa equipe de uma maneira diversa para que a gente possa privilegiar toda a diversidade do movimento.
Eu te convido a continuar a acompanhar as minhas páginas para ver que isso não é uma realidade e a gente vai tratar a diversidade como um todo.
Você tem uma bandeira que visa as minorias, mas soube que seu namorado, o apresentador do GNT Carlos Carvalho, tem uma festa chamada ‘Para Poucos’, que dizem ser uma festa segregacionista, onde gays brancos, sarados e tidos como bonitos tem preferência para participar. Não acha que isso promove mais o preconceito?
Olha, eu não faço parte desta festa. Essa festa não é minha. Ela é do meu namorado e mais sete sócios. Eu frequento como convidado por ser namorado dele, mas isso também não condiz com a realidade da festa.
Na realidade, a festa começou de uma maneira bem pequena: eram 400 pessoas no primeiro ano e o nome da festa se deu em virtude do número pequeno de pessoas. Também discordo do que você disse a respeito das pessoas que entram na festa. Basta entrar no perfil da festa no Instagram e você vê que os perfis das pessoas são diversos. Não representa a realidade.