O deputado estadual e médico sanitarista Lúdio Cabral (PT) propôs que o Conselho Regional de Medicina (CRM) analise a qualidade dos respiradores disponíveis nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) do Sistema Único de Saúde (SUS) em Mato Grosso. Durante reunião da Comissão de Saúde nessa segunda-feira (8), Lúdio alertou para o risco de usar respiradores inadequados nos pacientes de covid-19 e cobrou dos secretários de Saúde de Mato Grosso, Gilberto Figueiredo, e de Cuiabá, Luiz Antônio Possas de Carvalho, estruturação da rede de saúde para combater a pandemia.
“Proponho que a Comissão de Saúde solicite ao CRM para atestar a qualidade dos respiradores existentes nas UTIs de Mato Grosso para tratar covid. Recebemos denúncias de profissionais da saúde de que os 120 respiradores que o estado adquiriu da China, e fez propaganda de que pagou três vezes menos que o resto do país, seriam respiradores para transporte de pacientes, que dão conta dessa tarefa apenas por algumas horas e não seriam adequados para sustentar um paciente 21 dias num leito de UTI. O uso de respiradores inadequados pode sacrificar os pacientes internados nas UTIs de Mato Grosso”, alertou Lúdio.
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Para garantir o uso de respiradores adequados, Lúdio propôs uma análise técnica nos aparelhos. “Será um crime se forem utilizados respiradores que não têm especificação técnica para atender casos graves. O secretário estadual de Saúde admitiu que a taxa de mortalidade dos casos de covid é de 57,8% nas UTIs do SUS em Mato Grosso. E se os respiradores não forem adequados, essa taxa vai continuar alta e pode ficar ainda maior”, destacou.
Lúdio cobrou dos secretários informações sobre a quantidade de respiradores e de leitos de UTI realmente disponíveis para tratar pacientes graves da covid. O deputado observou que o governo estadual acusou o município de inflar o número de leitos, porém, diversos leitos anunciados pelo estado também não haviam sido habilitados. Lúdio citou que teve acesso a informações de que o estado habilitou 30 novos leitos de UTI no Hospital Metropolitano antes de eles estarem instalados, além de 10 leitos de UTI adulto no Hospital Regional de Sinop, quatro leitos no Hospital de Sorriso e outros 10 leitos no Hospital Regional de Rondonópolis que ainda não estão instalados.
“Infelizmente, o que os números demonstram é que o estado, por algumas semanas, superdimensionou o número de leitos de UTI para tratar covid-19. Passou vários dias dizendo que tínhamos 302 leitos, sem termos esses leitos, porque contava leitos habilitados e não instalados. O governo também omitiu leitos ocupados, porque, até alguns dias atrás, os casos suspeitos de covid que estavam nas UTIs não entravam nas estatísticas”, observou Lúdio.
O deputado lamentou ainda que os governos estadual e municipal priorizem a rivalidade política em vez de unir esforços para enfrentar a pandemia. “É inadmissível o governador e o prefeito da capital não terem capacidade de diálogo para afinar as ações que precisam ser implementadas para enfrentamento da pandemia. Lamentável e vergonhoso termos esse grau de irresponsabilidade daqueles que comandam o estado e Cuiabá”, disse.