A nadadora Ana Marcela Cunha, multicampeã de maratonas aquáticas, foi escolhida seis vezes como melhor atleta do mundo na modalidade. Aos 28 anos, ela já conquistou 11 medalhas em Mundiais (cinco de ouro, duas de prata e quatro de bronze).
Com esse currículo invejável, será que ainda falta algum triunfo na carreira da nadadora? A resposta foi dada pelo próprio técnico da atleta, Fernando Possenti, durante a uma live (transmissão ao vivo) promovida ontem (13) no perfil oficial da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA).
“Toda competição tem uma importância muito grande. Queremos vencer tudo. Se você perguntar à Ana, ela vai dizer que está insatisfeita. E eu, na verdade, estou muito mais. Ainda faltam o ouro [na prova] dos 10 quilômetros (km) no Campeonato Mundial e, é claro, a medalha olímpica”.
A baiana já tem a vaga garantida nos Jogos de Tóquio, em 2021. A classificação veio com o quinto lugar na prova dos 10 km, no Mundial da Coreia do Sul, no ano passado. Essa será a terceira participação olímpica da atleta, mas a primeira sob a orientação do técnico paulista. A curiosidade é que a parceria deles já é antiga. Começou em 2013, mas a nadadora deixou o Sesi – equipe comandada na época por Possenti – para retornar à Unisanta. Na ocasião o treinamento da nadadora passou a ser conduzido pelo técnico Márcio Latuf. Na Olimpíada Rio 2016 a atleta brasileira ficou em décimo lugar.
“Agradeço a todos profissionais que passaram na vida da Ana Marcela. Ela sempre demonstra uma mentalidade incrível de vencedora e aceita as novas orientações. Claro que ninguém busca uma mudança se não for para melhorar. É isso que faz dela essa atleta diferenciada já há tantos anos”, elogia o treinador.
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E esse é o espírito da dupla para alcançar o tão sonhado pódio no Japão ano que vem. “Uma prova olímpica é totalmente diferente de uma etapa de Mundial, por exemplo. As diferenças começam pela quantidade de atletas. No Mundial são 70, 80, 90 atletas. Na Olimpíada, 25. Sem falar das questões climáticas que, geralmente, fogem completamente do controle. Então, a minha maneira é treinar sempre buscando algo diferente. Muitas pessoas me perguntam: por que mudar se você fez isso e deu certo? Mas, eu sei que com maratonas aquáticas não funciona assim. A receita é fazer sempre algo diferente. E a nossa longa parceria traz confiança para colocarmos isso em prática”, revela.
Quarentena
O treinador também como revelou como o isolamento social, devido à pandemia do novo coronavírus (covid-19), vem afetando o treinamento da nadadora.
“Está sendo muito difícil. Nunca estivemos tão perto e tão longe. Moramos do lado da piscina, mas não podemos utilizá-la. Ficar fora d´água para a gente é pior do que o adiamento da Olimpíada. Mas o nosso objetivo foi só adiado. Por isso não podemos perder o foco”, reflete o treinador.
Possenti mora no mesmo prédio onde vive Ana Marcela, e o nadador Alan do Carmo, também treinado por ele. . Carmo ainda busca a classificação para Tóquio. Eles se estabeleceram no Rio de Janeiro em um condomínio próximo do Parque Aquático Maria Lenk, onde fica o CT do Time Brasil.
Para o treinador, os atletas são mais prejudicados por estarem fora da piscina do que pelo pelo próprio adiamento dos Jogos. “Não tinha o que fazer em relação à Olimpíada. A decisão de adiar os Jogos foi correta. O impacto no trabalho com a Ana e com o Alan é maior por eles estarem treinando apenas exercícios adaptados, longe da piscina. Mas, mesmo assim, acho que vamos sair fortalecidos desse processo. Acredito que voltaremos a nadar antes dos europeus, que chegaram a ficar de oito a 12 semanas afastados da água, o que é um absurdo para o alto rendimento. Aqui eu acho que será diferente”, deseja.
Trabalho multidisciplinar
Apaixonado declarado pelo monitoramento e controle dos treinamentos, Possenti sabe que a pandemia deixou o mundo em uma nova realidade. Sem saber a data exata do retorno, o treinador já tem em mente as duas questões que vão nortear o trabalho com os atletas. “Monitoramento e controle. Já os valorizava demais. E agora, nesse retorno, quando ele acontecer, vão ser ainda mais importantes. As equipes médicas e multidisciplinares serão essenciais para termos o controle da reação de cada atleta e o que fazer em cada situação”.
Edição: Cláudia Soares Rodrigues