Senadora Selma tenta última cartada para evitar cassação do mandato
Na última semana, informações indicavam que Pedro Sakamoto votaria pela cassação de senadora e suplentes

A senadora Selma Arruda (PSL) ainda tentará uma “última cartada” para evitar o julgamento da ação por crime eleitoral que responde no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Mato Grosso e pode culminar com a perda de seu mandato. O julgamento está previsto para ocorrer na sessão desta terça-feira (9), a partir das 9h00.
De acordo com o jornalista Guilherme Amado, colunista da Revista Época, Selma ingressará com pedido de suspeição do relator do caso, desembargador Pedro Sakamoto, O motivo é o “vazamento” do voto dele a veículos de imprensa do Estado.
“A ex-juíza, conhecida como Moro de Saias, acusa o desembargador Pedro Sakamoto de ter antecipado o voto, favorável à sua condenação, à imprensa local”, diz trecho da publicação da Época.
Na última semana, surgiram rumores de que Sakamoto iria acompanhar o Ministério Público Eleitoral, que emitiu parecer favorável a denúncia por crime de “caixa 2” cometido por Selma Arruda. Em alegações finais, o procurador Raul Batista Leite, sugeriu a cassação de Selma e seus suplentes, além da realização de novas eleições ao Senado Federal.
O julgamento era para ter ocorrido na última terça-feira (2). Contudo, diante da ausência do juiz-membro do TRE, Ricardo Almeida, e pelo fato do substituto dele ainda não ter sido definido, o órgão acabou adiando o caso.
Selma também tentou ganhar mais prazo, alegando que sua atual defesa assumiu o caso agora e necessitaria de tempo para analisar os autos do processo. Todavia, em decisão monocrática, Sakamoto negou, justificando que o ato trata-se de “medida protelatória”, visto que a senadora já constituiu sete advogados diferentes no caso.
DISCUSSÃO NAS REDES
Na última semana, quando surgiram as informações de que o voto de Sakamoto era pela cassação da chapa, a senadora foi as redes sociais e atacou o desembargador. Ela apontou que estava sofrendo uma “condenação antecipada” e lembrou que o relator do caso sempre foi divergente com ela em relação aos julgamentos de casos de corrupção no Estado.
Responsável por decretar as prisões do ex-governador Silval Barbosa no período em que atuou no Judiciário, Selma lembrou que Sakamoto sempre votava pela soltura do ex-governador em julgamentos de habeas corpus na 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado.
“Até então eu estava confiante que a Justiça seria feita e minha honra e dignidade seriam resgatadas. Só que a imprensa de MT passou a antecipar há alguns dias que o relator do processo, Des. Pedro Sakamoto votará pela minha cassação e pela realização de novas eleições. Será que Sakamoto quer minha cassação por que fui a juíza que prendeu e condenou a maior organização criminosa que Mato Grosso já viu? Sinceramente, prefiro achar que isso nao é verdade. Prefiro continuar acreditando na Justiça Eleitoral. Perder essa crença é doloroso demais. É admitir que o Judiciário também sucumbiu à corrupção”, desabafou a senadora em um textão.
A situação gerou uma nota de repúdio da Amam (Associação Mato-grossense dos Magistrados). A entidade enalteceu o trabalho dos membros do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso “pela lisura, ética e transparência com a qual têm conduzido os processos que tramitam naquela Corte de Eleitoral”.
PARECER PELA CASSAÇÃO
De acordo com a Procuradoria Regional Eleitoral, ficou comprovado no processo que integrantes da chapa da candidata abusaram de poder econômico, assim como praticaram caixa 2 ao contraírem despesas de natureza tipicamente eleitoral no valor de “R$ 1.246.256,36, quitadas com recursos de origem clandestina, que não transitaram regularmente pela conta bancária oficial”.
“No caso dos autos, o abuso do poder econômico é objetivamente aferido pela ação de um empresário e suplente, Gilberto Possamai, em unidade de desígnios com a investigada Selma Arruda, investindo substanciosa quantia em período assaz anterior ao período eleitoral, à margem da contabilidade oficial. Antes do mesmo do início do pleito, buscou a requerida e sua chapa extrair grande margem de vantagem perante os demais candidatos. Conforme a narrativa fática acima esgotada, houve, em pré-campanha, R$ 1.500.000,00 não declarados”, escreveu o procurador.
A ação eleitoral contra Selma Arruda foi inicilamente proposta pelo candidato ao Senado, Sebastião Carlos (Rede). Porém, o MP Eleitoral reforçou a denúncia, assim como o terceiro colocado na disputa ao Senado, Carlos Fávaro, que “sonha” em herdar a vaga no Congresso.

Fonte: Folha Max